sexta-feira, 11 de agosto de 2017

# Artigos # Banda desenhada

Os filmes desenham os heróis que faltam na realidade


A literatura está coberta de heróis nas suas histórias. E todos eles têm as mesmas características: serem corajosos e mostrarem-nos de que é feito um verdadeiro herói. Seguimo-los por toda a parte a aguardamos ansiosos o filme seguinte. Mas porque é que precisamos tanto deles?
Há uns dias estava a ver críticas a um filme e reparei que a maior parte dos comentários falavam do desempenho de determinado ator que não tornou a personagem tão heróica quanto deveria. Parei e pensei “porque é que procuramos tanta perfeição na ficção se ela é apenas isso, ficção?”. Depois percebi que nós procuramos nos livros, nos filmes e nas histórias em geral tudo aquilo que gostávamos que fosse a realidade. Desejamos que aquele casal apaixonado fique junto no final, que a senhora vença o cancro e que o vizinho da frente deixe de fazer barulho porque incomoda a criança. E tudo isto porque são coisas que, no dia a dia, era bom que acontecessem: nós sermos felizes com o amor da nossa vida, a nossa tia vencer a luta contra o cancro ou o vizinho da frente deixar-nos dormir em paz. E, nesse aspeto, os heróis têm o papel mais fundamental de todos: fazer-nos acreditar. Eles representam-nos. Representam a nossa vontade de sermos melhores, de sermos corajosos e vencermos cada vilão que vai aparecendo na nossa vida, seja ele uma pessoa, uma doença ou outra coisa qualquer. Na verdade, passamos uma vida inteira à procura de sermos completos e realizados. Mas a vida é cheia de cenas cruéis que, tal como nas histórias, nos tentam destruir. Mas cabe-nos a nós a luta pelo final que queremos ver no nosso próprio filme. O problema é que nem sempre temos a força necessária para lutar pelo final que tanto desejamos. E, nesses momentos, os heróis que conhecemos na literatura ou nos filmes são tudo aquilo que gostávamos de ser. Aqueles que são ficção representam-nos a nós, humanos. E essa representação agrada-nos de uma forma que não conseguimos expressar. E buscamos essa representação na nossa realidade, lutamos imaginando que somos o herói daquele livro que lemos e se ele conseguiu, então nós também conseguimos.
Uma das coisas que fui percebendo ao longo dos anos é que nós encaramos a vida como uma história. A diferença é que nesta, nós somos os protagonistas. E, aqui, não conseguimos prever o final. Não será por isso que admiramos tanto tudo o que envolve os heróis? Porque é o único final em que sabemos o que vai acontecer realmente? Talvez a ideia do bem triunfar sempre nas histórias nos faça querer ser heróis como os que lemos, mesmo que às vezes não o consigamos ser.

Publicado em Repórter Sombra.

6 comentários:

  1. Concordo plenamente. Adoro filmes de super-herois e de certa forma é uma pena não passarem dos grandes ecrãs para a vida real. :/

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  2. É bom sinal teres-te identificado...
    Que reflexão bastante interessante esta Cátia, concordo com o que disseste até porque a ficção é um complemento da vida real que ajuda a sair das vicissitudes da vida.
    Beijinhos
    https://escritalhadaa.blogspot.pt

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