terça-feira, 29 de agosto de 2017

TAG: Irmandade do/as Bloggers

terça-feira, agosto 29, 2017 9 Comments
Olá, pessoal!
Há uns dias, fui nomeada pelo Miguel Oliveira, do blog Escritalhada, para responder a esta TAG. Finalmente, arranjei um tempinho e aqui vai :p



Não vou nomear blogs para responder à TAG, porque não quero ter de escolher entre vocês. Por isso, nomeio todos aqueles que responderem a este post nos comentários :p

As questões que o Miguel me fez são as seguintes:

1. Como vês o teu blog daqui a 5 anos?
Sinceramente, não penso muito nisso. Não sou de imaginar o que vai acontecer daqui a cinco ou dez anos. Prefiro deixar as coisas acontecer, lutando sempre pelos meus sonhos. E, por isso, não sei como vai estar o blog daqui a cinco anos, mas sei que vou lutar para que cresça todos os dias.

2. Qual é a tua rotina perfeita?
Nenhuma. Não gosto de rotinas. Acredito que só vivemos plenamente se a cada segundo as coisas estiverem diferentes!

3. O que não dispensas na tua playlist?
Músicas do Diogo Piçarra e dos Blind Zero!

4. O teu maior arrependimento?
Não arriscar. Só me arrependo do que não faço e, infelizmente, já perdi algumas oportunidades por não ter arriscado.

5. Onde te vês com 50 anos?
Num lugar que me faça feliz. Não me interessa qual, só sei que quero estar num lugar a que possa chamar "casa" e a fazer aquilo que mais gosto.

6. O que farias com um milhão de euros?
Doava uma parte para associações e, com o resto, viajava!

7. O que te preocupa no mundo atualmente?
A falta de humanidade das pessoas!

8. Países a não dispensar se fosses rica?
Brasil, Itália, Alemanha, Inglaterra... Ok, todos, na verdade (risos)~

9. Praia ou campo?
I will always choose praia <3

10. Qual o papel da religião na tua vida?
Muito importante, para dizer a verdade. É, muitas vezes, a minha âncora!

sábado, 26 de agosto de 2017

Culturas diferentes, sentimentos iguais

sábado, agosto 26, 2017 7 Comments

As notícias do último ano mostraram-nos muitos refugiados a atravessar o Mediterrâneo, à procura de alguma esperança na Europa. No entanto, nem todos os acolheram da melhor forma. A questão que se coloca é “porquê?”
A verdade é que, no geral, as pessoas desconfiam do diferente. E isso inclui também culturas diferentes. Não é fácil receber aqueles que nos são desconhecidos e é ainda mais difícil aceitar dividir aquela que é a nossa casa com eles. Falta compaixão. Falta solidariedade. E a prova disso é que, juntos, conseguimos ajudar aqueles que precisam dentro do nosso país. Então porque é que não nos juntamos também para ajudar aqueles que procuram auxílio em nós? Porque temos medo. Temos medo do que não é nosso.
Os refugiados procuraram ajuda junto de nós, é verdade. Mas procuraram, acima de tudo, um bocadinho de esperança. Não será que, ao não termos compaixão por eles, lhes estamos a retirar parte dessa esperança? Afinal, como pode o mundo ser bom se as pessoas só são generosas com aquilo que lhes é próximo e afastam o desconhecido? Não pode. Não pode enquanto não se unir. E, por isso, penso que a melhor arma para resolver este tipo de situações é espalharmos compaixão. Ensinarmos os que nos rodeiam a respeitar as diferenças e a aceitar que pessoas de culturas diferente sentem o mesmo que nós. Sofrem, choram, riem e querem ser felizes. Assim como nós queremos. E se quando estamos num momento de aflição procuramos toda a ajuda possível, porque é que não ajudamos os outros quando eles nos procuram? A máxima do “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” tem de ser aplicada a tudo. E a realidade é que enquanto continuarmos a olhar de lado para o vizinho da frente porque é homossexual ou a desviarmo-nos do novo morador porque é negro, não vamos nunca conseguir aceitar aqueles que vêm de um país completamente diferente do nosso. Afinal, se não aceitamos as pessoas que nos são próximas, como vamos aceitar as que estão distantes?
Por tudo isto e muito mais, penso que o essencial é a união. Dizem que a união faz a força e eu não vejo verdade maior que essa. O planeta Terra é habitado por todos nós, logo, todos devemos dar as mãos como a família que somos. Só assim conseguiremos crescer. Só assim conseguiremos diminuir a maldade existente e trazer um bocadinho mais de luz: com união e sem preconceito.

Publicado em Repórter Sombra


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Diogo Piçarra: «Não tento fazer música só para mim, mas para todas as pessoas.»

quarta-feira, agosto 23, 2017 6 Comments
É um dos artistas mais admirados em Portugal. Diogo Piçarra lançou, este ano, o seu novo disco. Do=s é o nome do segundo álbum do cantor, que deixa uma noção de fio condutor entre todas as músicas. O cantor, que viu o ano de 2016 ser totalmente preenchido por concertos, prepara-se agora para atuar nos Coliseus.

No passado dia 15, o Diogo levou a do=s tour a Ribeira de Frades, em Coimbra. Minutos antes do concerto, esteve à conversa conosco acerca do sucesso que tem sido este novo álbum, e do seu desejo de atuar nos Coliseus que está prestes a realizar-se.


Diogo, antes de mais, começo por te perguntar: já te sentes nervoso para os Coliseus?
Diogo: Estou sempre (risos). Seja em qualquer concerto onde eu vá, acho que estou sempre nervoso. Não é bem nervosismo, é mais ansiedade e a vontade de subir ao palco rapidamente. E quando o concerto começa a atrasar, eu começo a ficar ainda mais ansioso. Não é bem nervos, porque isso é um bocadinho mais de insegurança. É mais ansiedade, porque os concertos estão bem ensaiados, estão sempre bem preparados e eu também costumo aquecer muito antes dos concertos e, realmente, é mais a vontade de subir ao palco do que outra coisa. E os Coliseus é um sonho realizado, finalmente. Depois de dois anos de muitos concertos, o Coliseu era o próximo passo.

Lançaste o teu segundo álbum, o Do=s, este ano. E este álbum é particularmente interessante porque tem uma espécie de fio condutor entre todas as melodias...
Diogo: Exatamente! Eu não fiz nada de propósito, acho que foi uma coisa muito natural... Ao longo da tour do outro disco, eu fui escrevendo músicas e reparei que havia algo em comum entre muitas das canções, seja em termos de letra ou melodias. Há, inclusive, muitas semelhanças entre a “Já Não Falamos”, a “História”, o “Erro”, o “Caminho”, a “Dialeto”... E isso só fazia sentido se fossem aquelas dez músicas! Se estivessem más ou menos boas, eu acho que as colocaria na mesma, porque tinham sido feitas naquela altura e ia lembrar-me delas por representaram aquela fase da minha vida. Estou muito satisfeito e muito orgulhoso deste disco por ter tido tão pouco tempo para fazê-lo e, realmente, acho que fui um felizardo também pela minha editora ter aceite o desafio de todo o conceito do Do=s. Acho que foi tudo muito bem feito e foi um bom trabalho de equipa.

E tu transportas isso também para os teus espetáculos, certo? Estão muito mais inovadores agora, usam o vídeo, ...
Diogo: Sim, aqui (Ribeira de Frades) não sei se será o concerto normal por causa das condições, mas estou muito ansioso por subir ao palco. Normalmente, é um ecrã atrás de nós e, realmente, dá outro impacto. Eu não tinha ecrã no ano passado nem há dois anos mas, realmente, tinha de haver uma diferença entre os concertos anteriores. Já que há uma diferença entre os discos, tinha de haver também essa diferença no espetáculo em si. A banda é a mesma, a equipa é um pouco diferente... É um bocadinho mais numerosa, mas é uma super equipa! Estou muito bem acompanhado e eles é que fazem a maior parte do trabalho. Eu chego lá e canto (risos).

Diogo, estamos mesmo a ficar sem tempo. Por isso, e para terminar, pergunto-te o seguinte: se tivesses de descrever a tua História toda, musicalmente, numa palavra, que palavra escolherias?
Diogo: Uma palavra é muito pouco, não é? (risos) E eu sou um homem de poucas palavras! (risos). Tem sido uma luta, acho eu. Posso dizer que a palavra certa é “luta”. É uma batalha constante tentar estar sempre presente na vida das pessoas seja em termos de música, seja noutros aspetos, tal como é o meu projeto do livro Diogo Piçarra em Pessoa. Tem sido uma luta constante também tentar fazer música que agrade a todos. Não que esse seja o meu objetivo, mas espero que agrade a muitos. É impossível agradar a todos. E, sim, todos os dias quando acordo tento fazer uma música que represente aquele estado de espírito daquele momento mas que, de certa forma, também represente o estado de espírito de muitas pessoas. Não tento fazer música só para mim, mas para todas as pessoas. É esse o meu principal objetivo e sinto que isso está a acontecer e, seja com músicas mais tristes ou mais alegres, acho que só tenho um objetivo: fazer parte da História da vida das pessoas e não fazer História.


Minutos depois, o Diogo sobe ao palco numa atuação onde não faltou energia quer por parte do artista, quer por parte do público. Fez-se história em Ribeira de Frades.
A do=s tour continua a percorrer o país e, em Outubro e Novembro, seguem-se os Coliseus. Dia 27 de Outubro, no Coliseu do Porto. E dia 3 de Novembro, no Coliseu de Lisboa.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

YCWCB: «A música, no fundo, é uma só e o que importa é que as pessoas gostem dela para que o festival aconteça e para que a música se faça ouvir.»

segunda-feira, agosto 21, 2017 3 Comments
PirukaYou Can’t Win, Charlie BrownBlind Zero e Capitão Fausto estiveram presentes no segundo dia do Douro Rock, em Peso da Régua.

Os You Can’t Win, Charlie Brown foram a segunda banda a pisar o palco do Douro Rock, no dia 12 de agosto. E, algumas horas antes do concerto, tivemos a oportunidade de conversar com o Salvador, o Tomás e o David acerca das expectativas para o festival, e do seu mais recente álbum.



Estão a pouquíssimas horas do concerto no Douro Rock. Quais são as expectativas para logo à noite?
Salvador: Eu vi há pouco uma fotografia dos GNR a tocar ontem e estava bastante cheio! Por isso, as minhas expectativas estão altas! Espero que esteja muita gente.
Tomás: E, sobretudo, que as pessoas gostem do nosso concerto.

O facto de saberem que estava muita gente ontem deixa-vos mais nervosos?
Salvador: Não. Há mais nervosismo se estiver vazio. Aí é que é mais chato (risos).

No ano passado, vocês lançaram o vosso álbum mais recente, Marrow. Como tem sido a reação por parte do público?
Salvador: Eu acho que, para este disco, é mais fácil haver reações mais efusivas. Como a própria música acabou por ser também mais efusiva, acaba por puxar mais o público. A música que fazíamos anteriormente podia ser mais introspetiva e isso fazia com que as pessoas acabassem por reagir menos. A reação agora se calhar é mais imediata.
David: Sim, eu acho que, em concerto pelo menos, a reação é mais efusiva. Mas porque a música também é mais para fora do que para dentro.

Antes a música era mais individual e agora é mais “banda”, digamos assim...
Salvador: Sim, mesmo pela própria concepção do disco. Foi um disco mais feito em banda do que os outros. E isso acaba por se refletir também na banda e depois no público.

Há pouco eu falava com o Miguel Guedes que me dizia que a cada novo cd os Blind Zero preocupam-se mais em inovar. Neste cd, a vossa música é mais elétrica. Inovar também é um dos vossos objetivos a cada álbum novo?
David: Sim, eu acho que é inevitável a pessoa não se querer repetir. Se estás numa estrada e vais por aquela estrada muitas vezes, vais por outro caminho para experimentar como é que funciona. Não acho que seja diferente porque tem de ser diferente. Sabe bem fazer diferente para não se fazer o mesmo que se fez e depois o resultado final acaba por ser, também ele, diferente.
Salvador: Sempre que nós compômos uma música, ela nunca pode ter a mesma fórmula que outra já teve. Porque, criativamente, isso não nos dá gozo. Por isso, tentamos sempre fazer qualquer coisa que nos desafie.

Eu achei o vídeo da Above The Wall bastante curioso. Como é que surgiu essa ideia?
Tomás: A ideia surgiu porque a própria música puxa um bocado aquele sonzinho que ouvimos no vídeo. E, depois, a música tinha um nome que não era Above The Wall, não tinha letra ainda e pegámos um bocadinho nesse conceito de uma pessoa subir uma montanha e passou a ser um jogo em que tens vários níveis. E, pronto, ele está sempre a escalar até chegar à lua.


A verdade é que todos vocês têm vidas paralelas para além da banda. É muito difícil concilar tudo?
Tomás: Não (risos).
Salvador: É, da minha parte, é (risos). É muito complicado.
David: Eu acho que é difícil. Mas, quando queres muito fazer uma coisa, acho que é possível. Claro que se fores, realmente, ocupado de milhões de formas diferentes não consegues fazer tudo ao mesmo tempo. Mas se tiveres noção do tempo que precisas para fazer cada coisa acho que, não é igual a se não fizesses mais nada, mas é possível que aconteça.

Voltando ao concerto de logo à noite, como é que se sentem, sendo uma banda mais recente, em dividir o palco com bandas como os Blind Zero que já existem há mais de vinte anos?
Salvador: Para já, conhecemo-nos. Eles acabaram de fazer o soundchec, nós fomos fazer o nosso e notou-se que há respeito. E o facto de eles terem vindo falar conosco, e depois nós termos ido falar com eles, faz-nos perceber que, no fundo, acabamos todos por ser músicos. Por isso, sim, acho que nos respeitámos.
David: Eu acho que podia haver aquela ideia “ah, não, as bandas mais novas não têm as mesmas oportunidades que as bandas mais antigas”. Mas acho que, neste caso, o facto de podermos tocar em palcos grandes e partilhá-los com bandas mais antigas faz esta ligação que o Salvador referiu. A música, no fundo, é uma só e o que importa é que as pessoas gostem dela para que o festival aconteça e para que a música se faça ouvir.


Os You Can’t Win, Charlie Brown pisaram o palco pouco depois das 22h45, numa atuação que não deixou o público indiferente.


domingo, 20 de agosto de 2017

Capitão Fausto: «Nós temos a vontade de tocar o máximo que conseguirmos e no máximo de sítios que pudermos.»

domingo, agosto 20, 2017 3 Comments
PirukaYou Can’t Win, Charlie BrownBlind Zero e Capitão Fausto estiveram presentes no segundo dia do Douro Rock, em Peso da Régua.
Os Capitão Fausto atuaram pouco antes das 2h da manhã, mas o cansaço e o tempo de espera não prejudicaram em nada o desempenho da banda de Lisboa. O Domingos, o Francisco, o Manuel, o Salvador e o Tomás trouxeram uma boa dose de energia ao Douro Rock e não faltou quem vibrasse no público.
Algumas horas antes do concerto, o Francisco esteve à conversa conosco, contou-nos as suas expectativas para o concerto e falou-nos um pouco do percurso dos Capitão Fausto.



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Os Capitão Fausto estão a poucas horas de atuar no Douro Rock. Quais são as expectativas para logo à noite?
Francisco: Uma das expectativas é que esteja um bocado cansado e ensonado, porque tocamos quase às 2h da manhã (risos). Confesso que preferia que fosse um pouco mais cedo. Isso é uma das expectativas. A outra é que me vou divertir muito. Acho que o festival ontem também correu bem, os nossos colegas gostaram muito e, por isso, acho que se formos competentes vai ser muito fixe!

O vosso álbum mais recente chama-se Capitão Fausto Têm os Dias Contados mas vocês têm tudo menos os dias contados porque este álbum tem sido um sucesso...
Francisco: Não me cabe a mim chamar-lhe isso (risos). No entanto, estamos muito felizes com o ano que tivemos e que estamos a ter depois do lançamento do disco! Acho que, na verdade, tanto nós como a banda temos os dias contados, mas não são assim tantos como aparentam ser. Não vão ser assim tão poucos dias. Espero eu que sejam milhares de dias.

Vocês entraram diretamente para o primeiro lugar do top de vendas em Portugal...
Francisco: Sim. Curiosamente, isso até nem é uma coisa que seja assim tão rara para qualquer artista nacional porque, normalmente, para entrares para o top de vendas precisas de vender não muito discos. As pessoas estão mais voltadas para ouvir as músicas em streaming e vendem-se poucos discos hoje em dia, em geral. Então, quando o artista lança o disco e faz o concerto de lançamento, normalmente, pelo menos uma semana ou duas, fica nos tops. A grande dificuldade é aguentar-se lá. Nós não aguentámos muito tempo (risos). Mas, felizmente, ganhámos muito mais ouvintes do que nos outros discos. E estamos muito felizes!

A propósito dos outros discos. Este disco é um bocadinho mais contido e dá mais importância à palavra. É mais importante um vocalista transmitir uma determinada mensagem do que se limitar a cantar bem?
Francisco: Ainda ontem me apontaram uma coisa que gostavam na performance e nas letras do Tomás: tanto a escrever como a cantar, ele tem um tom muito familiar, digamos assim. Embora as letras sejam muito bem escritas e muito bem ordenadas, quando ele está a escrever parece que as letras são uma coisa que dirias no dia a dia. E mesmo quando ele canta, ele não está a mostrar que é um grande cantor. Resumindo, ele não dava um cantor de um programa qualquer de talentos. Ele canta de uma maneira natural e muito na forma como é a voz dele de falar e isso é das coisas que eu mais gosto nas vozes dos nossos discos. Não é uma voz muito esforçada.

E achas que as pessoas se identificam mais assim?
Francisco: Acho que sim! Há muita gente que, de facto, gosta de uma voz mais esforçada e a dar o seu melhor, uma voz no topo e a chegar aos tons mais agudos e graves. Mas acho que também há muita gente que se identifica com este tipo de cantoria mais leve, mais aquele cantarolar... E nos concertos aparecem algumas pessoas que estão lá a cantar à frente e que gostam disso.

Às vezes o simples cativa mais...
Francisco: Sim, claro que sim. Nós somos mais fãs do simples.

“Somos uma banda rock de Lisboa”. Ainda se definem assim?
Francisco: Sim, porque tocamos música à volta desse género e vivemos todos em Lisboa. É o sítio onde nascemos e onde vivemos.

Mas existe uma vontade de se internacionalizarem?
Francisco: Existe! Aliás, existe tanta quanto existe vontade de nacionalizar. Nós temos a vontade de tocar o máximo que conseguirmos e no máximo de sítios que pudermos. Sim, é verdade que já percorremos bastante do país, mas ainda não todo. Por exemplo, é a primeira vez que estamos em Peso da Régua. Já estivemos em algumas zonas aqui à volta mas neste sítio específico é a primeira vez. Mas claro que temos muito prazer em ir a qualquer sítio onde nos queiram ouvir! Seja desde a Mongólia até à Croácia, se nos chamarem, nós vamos. Nós queremos é tocar!

Ganhar um globo de ouro coloca algum tipo de pressão em cima de vocês enquanto banda?
Francisco: Não, pressão não coloca. Põe-nos a nós se calhar nos ouvidos de pessoas que não nos conheciam. Tenho quase a certeza que há pessoas que viram a cerimónia e não nos conheciam de lado nenhum e, de facto, nunca tínhamos chegado a essa audiência. Acho que foi muito bom chegarmos a mais pessoas e se calhar houve muita gente que foi ouvir e não gostou mas também houve muita gente que foi ouvir e, de facto, gostou mesmo. Penso que não fez muita diferença para as pessoas que já nos ouviam, porque elas já gostavam de nós. Mas foi positivo no geral.

Francisco, para terminar vou perguntar-te o que é que nós podemos esperar dos Capitão Fausto logo à noite?
Francisco: Podem esperar um concerto bem ensaiado, com muita genica, apesar do cansaço de ontem à noite (risos), e acho que vão ter o melhor possível de nós. Vamos mesmo dar tudo.



E deram tudo. A genica esteve lá. E o melhor dos Capitão Fausto também. Encerraram a segunda edição do Douro Rock da melhor forma possível: com uma boa dose de energia.

sábado, 19 de agosto de 2017

Blind Zero: «Se calhar é o disco que nos dá mais gozo ouvir de todos os que já fizemos.»

sábado, agosto 19, 2017 0 Comments
Piruka, You Can’t Win, Charlie Brown, Blind Zero e Capitão Fausto estiveram presentes no segundo dia do Douro Rock, em Peso da Régua. Os Blind Zero pisaram o palco em terceiro lugar, numa atuação onde não faltou energia, boa disposição e muito rock! 
Prestes a lançar o seu próximo álbum, Often Trees, a banda composta por Miguel Guedes, Nuxo Espinheira, Pedro Guedes, Vasco Espinheira e Bruno Macedo levou ao público ao rubro. “Blind Zero sempre no seu melhor” ou “Os anos passam e estão cada vez melhores” foram os comentários mais utilizados para descrever o desempenho da banda portuense.

Horas antes do concerto, o Miguel e o Vasco estiveram à conversa conosco acerca deste novo álbum e das expectativas para o festival de Peso da Régua.



Os Blind Zero estão aqui porque vão atuar no Douro Rock. Quais as expectativas para logo à noite?
Miguel: São grandes, porque nós estamos quase a editar um disco novo que se chama Often Trees e estamos a testar algumas canções ao vivo deste novo disco. O que até agora tem acontecido é uma reação muito boa das pessoas e nós também ainda estamos muito emocionais em relação àquilo que fizemos agora de novo. É um disco que está completamente pronto, com dez canções e se calhar é o disco que nos dá mais gozo ouvir de todos os que já fizemos.

Vocês disseram algures que gostam sempre de terminar os concertos com a música com que tudo começou. Portanto, nós já sabemos como é que vai terminar o concerto logo à noite... (risos)
Miguel: (risos) Pode haver surpresas, atenção! Isso é verdade em 99,9% das vezes, mas há aquele 0,1% (risos). Não sei, nós temos um alinhamento delineado mas não é certo que terminemos da mesma maneira, porque nós vamos mudando algumas coisas de concerto para concerto e, preferencialmente, no próprio dia. Vamos ver o que acontece logo à noite!

Falando agora do vosso novo álbum. O Miguel referiu há pouco que vocês estão prestes a lançar o vosso próximo disco. You Have Won é o primeiro single. Como é que tem sido a reação do público?
Vasco: Acho que têm reagido muito bem porque, por mensagens que vamos recebendo nas redes sociais e do “boca-a-boca” das pessoas, elas (as pessoas) têm gostado e achado piada a uma nova cara dos Blind Zero e isso acho que, para nós, é o mais positivo. Ao fim de vários anos conseguirmos fazer coisas diferentes daquilo que é o expectável, acho que é o mais interessante que pode haver numa banda nesta altura.

E o que é que vão trazer de inovador? Porque dizem que querem mostrar uma banda numa nova dimensão neste disco...
Miguel: É um disco que nós nunca fizemos ao longo de vinte e tal anos de percurso. Não só por ser um disco, naturalmente, com canções novas, mas também por ter uma estética que nós nunca abordamos desta forma. Parece-me que, de alguma maneira, acaba por recuar um pouco ao que foi o início dos Blind Zero, ou seja, a uma carga sonora mais forte e mais densa. Um disco mais rock, mas que não é um disco rock’n’roll. É um disco com uma atitude rock, mas que passa por outros ramos. É um disco mais pesado nesse sentido e aproxima-se um bocadinho daquilo que nós fizemos naquele primeiro terço do nosso percurso entre 1995 e 2001. Para além disso, naturalmente não é um disco dessa altura. É um disco dos tempos de agora e com um som e uma abordagem que me parecem muito nossos. Há ali uma negritude que nós já não tínhamos há uns bons anos. Acho que, agora, as coisas passam mais pelo coração.

Os Blind Zero existem há mais de vinte anos. Existe, por isso, essa necessidade de reinventar?
Vasco: Sim, claro que sim. Acho que aquilo que mantém as bandas saudáveis é a reinvenção. Se pensarmos no percurso da história rock, poucas foram as bandas que ficaram muito tempo e que se conseguiram reinventar. Pode ser uma reinvenção mínima, mas é extremamente importante de fazer porque, dessa forma, sentes que estás a ser produtivo, sentes que estás a caminhar no desconhecido. E isso é aquilo que dá adrenalina... Tu conseguires entrar num sítio que não reconheces, que não estás confortável, onde em cada curva, atrás de cada pedra, tens algo que pode ser uma supresa. E, traduzindo isto para música, as músicas têm todas um bolão de experimentação dentro delas que faz com que não seja aquela fórmula típica da música. Tentámos quebrar um bocadinho com esses paradigmas todos e isso mantém a banda ativa, interessante e motivada, acima de tudo.

E sendo uma banda com mais anos de existência, como é que vêem as bandas que têm surgido mais recentemente? Hoje, por exemplo, vão atuar com bandas mais recentes no palco do Douro Rock...
Miguel: Hoje é uma noite em que nós queremos ver os concertos do início ao fim. Para nós que somos músicos e que, acima de tudo, somos amantes de música, ver bandas como os You Can’t Win Charlie Brown ou os Capitão Fausto é uma coisa muito boa. É muito reconfortante porque ouvimos música que gostamos, temos a oportunidade de partilhar também o palco com eles... E acho que são projetos maravilhosos e este cartaz do Douro Rock é uma prova muito clara de que é possível fazer cartazes só com bandas portuguesas. É muito engraçado ver aqui um festival só com bandas portuguesas e perceber que no primeiro dia estiveram cerca de 5.000 pessoas. É sinal de que isto faz todo o sentido, porque o cartaz é muito interessante.

Há um ano, eu perguntei ao Miguel qual era o seu álbum preferido dos Blind Zero e disse-me A Way To Bleed Your Lover. Agora pergunto-lhe se não vai passar a ser o Often Trees?
Miguel: (risos) Eu acho que corro sérios riscos de este ganhar alguma proeminência, sabes? Porque o A Way To Bleed Your Lover, como eu te disse há um ano atrás, é um disco que, para mim, traça um bocado a bissetriz do que são os Blind Zero. A densidade, algum peso mas também algum apelo rítmico, alguma carga melódica, introspeção e também alguma luz que começou a aparecer nesse disco e que, depois, no The Night Before and a New Day, foi mais clara. Este disco é um disco que acho que nos reconcilia um bocadinho com a nossa génese, com as nossas perturbações absolutamente patéticas (risos), mas ainda assim existentes e que sempre nos guiaram ao longo deste percurso. É um disco mais negro, mais denso, mais perturbado e mais policial, às vezes. Policial do coração, como se tivesses um polícia a correr nas artérias (risos). E isso é muito bom. Para nós, que temos uma banda há muitos anos, sentir que ainda conseguimos dizer coisas com alguma vitalidade e sentirmo-nos válidos e depois termos pessoas que nos ouvem é uma coisa maravilhosa. E isso não é possível fazendo coisas iguais e se calhar não é possível fazendo coisas parecidas. Portanto, acho que é um disco arriscado e mais difícil porque as pessoas podem gostar mais ou gostar menos. É mais complexo mas é um disco excitante.
Vasco: E sentimo-nos uma banda nova. Isso é que é o objetivo. É a cada disco sentirmo-nos como uma banda nova. É sentires-te como se este fosse o teu primeiro disco. Acho que é esse o sentimento que temos de passar para a máquina, digamos assim, conseguir progredir. Este é o primeiro disco, depois vai haver outro primeiro disco, e assim sucessivamente.

É o inovar sem nunca perder a identidade...
Miguel: Sim, eu acho que é bom manter a identidade porque, se houver uma razão para mudar, a identidade está lá. E nós sempre tivemos razões, muitas vezes emocionais, claras para mudar as coisas. E esse sentido de que fizemos um disco e termos a clara ideia de que este disco nos vai permitir ficar para fazer outro, isso é muito importante.



“You Have Won” é o single de avanço de Often Trees, próximo álbum dos Blind Zero a ser lançado em outubro. 

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

GNR: «Foi muito interessante e um espetáculo muito alegre e simpático»

sexta-feira, agosto 18, 2017 2 Comments
“Alegre” e “simpático” foram as palavras usadas por Rui Reininho para descrever o espetáculo do passado dia 11 de agosto. Os GNR foram a terceira banda a subir ao palco do Douro Rock, na segunda edição do Festival de Peso da Régua.
A banda, que já conta com mais de trinta anos de existência, pôs o público todo a cantar as suas músicas num espetáculo onde faltou tudo menos animação.

Pouco tempo depois do concerto, tive a oportunidade de conversar durante alguns minutos com Rui Reininho que, para além de me revelar como correu o espetáculo, ainda me falou um pouco acerca do percurso dos GNR. 


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Estamos aqui a conversar porque os GNR estiveram agora mesmo a atuar no Douro Rock. O concerto correspondeu às expectativas?
Rui: Sim, sim! Foi muito interessante e um espetáculo muito alegre e simpático!

Os GNR já existem há mais de trinta anos. Ao longo destes anos, e continuando na indústria musical, nota alguma diferença no panorama da música em Portugal?
Rui: Nenhuma (risos). Claro que se alterou muita coisa. Este tipo de espetáculos não seria possível há trinta e tal anos. Se algum mérito os GNR tiveram foi por sermos nós –e muitas outras bandas- a concorrermos um bocadinho para que estes e muitos outros festivais tivessem já um bom palco, um bom som e nem calculam como isto era há trinta anos atrás.

E, para uma banda que já atua há tantos anos, como é estar no mesmo palco que bandas que nasceram mais recentemente? Como, aliás, é o caso dos Bed Legs que atuaram há pouco...
Rui: Terá que ser sempre assim. Já noutros palcos e noutros festivais acontece gente com dezassete/dezoito anos que já fazem espetáculos extraordinários! E, claro, também o caso da Marta Ren, que já chegou a atuar connosco, fez um excelente espetáculo. E os Linda Martini também... Uma das melhores bandas portuguesas!

Por falar em jovens, como é que se sente por saber que a geração mais jovem aprecia a vossa música?
Rui: É muito lisonjeiro, é super simpático... Eu também gosto de outros tipos de música e espero que os jovens sejam abertos a várias outras coisas. E um bocadinho de conhecimento do que já havia não faz falta nunca. Não ocupa espaço!

Mas, quando vocês escrevem as vossas músicas, há uma preocupação em chegar também aos mais jovens?
Rui: Não. Mentiria se dissesse que há essa preocupação, porque senão podíamo-nos sentir assim um bocado uns “velhinhos modernos”, não é? (risos). Não vamos atrás das últimas novidades. Eu até costumo brincar e dizer que não vamos atrás de “Despacitos”, porque não sabemos (risos). Não sabemos fazer, infelizmente, êxitos para quatro milhões de pessoas, senão fazíamos (risos).


O espetáculo começou pouco depois da meia noite. A multidão instalou-se. Os GNR tocaram e o público respondeu com aplausos, mostrando que a banda com mais de trinta anos continua a conquistar todos os lugares por onde passa.



quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Bed Legs: «Testar novas paisagens, novas texturas e novos ambientes.»

quinta-feira, agosto 17, 2017 2 Comments
No passado dia 11, começou a segunda edição do festival Douro Rock, em Peso da Régua.
Os Bed Legs foram os primeiros a entrar em palco. Energia foi a palavra-chave deste concerto, onde faltou tudo menos rock! O Fernando (na voz), o Tiago (na guitarra), o Hélder (no baixo), o David (na bateria) e o Leandro (nas teclas) abriram o festival deste ano da melhor forma, levando o público ao rubro. Uns saltavam, outros gritavam, outros observavam atentamente o desempenho da banda formada em 2011.

Depois do espetáculo, tivemos a oportunidade de estar à conversa com o Fernando e o Hélder, que nos falaram um pouco do percurso da banda de Braga e do que sentiram ao atuar, pela primeira vez, no Douro Rock.


Vocês começaram, enquanto Bed Legs, em 2011. Já se passaram seis anos. O que é que sentem que mudou no panorama musical em Portugal desde então?
Fernando: Eu acho que as coisas continuam muito parecidas. Há mais festivais, há mais bandas, canta-se mais em português se calhar...
Hélder: Apoia-se mais as bandas portuguesas. Tem havido mais festivais e mais oportunidades.

Sendo vocês uma banda mais recente, como é que se sentem a atuar, por exemplo, com os GNR no mesmo festival? Eles que são uma banda mais antiga...
Fernando: É um espetáculo! Quer dizer que o nosso trabalho árduo deu frutos. Todas as bandas que têm sucesso agora também começaram como nós e trabalharam arduamente para chegar onde estão. E se nós estamos a tocar em palcos como estes, ao lado destes artistas grandes, quer dizer que alguém da organização ou os media reconheceram algum valor em nós.

Dizem que são uma banda com um “som crú”. O que querem dizer com isso?
Fernando: Queremos dizer que é um som que sai da alma. Não é um som muito tratado. É um som de impacto sem grandes ornamentos.

O simples cativa mais...
Fernando: Sim. Não quer dizer que às vezes seja fácil, mas é um som que não tem muito floreado. Às vezes até pode ser previsível, e acho que é um som que não foi cozinhado, basicamente. Mas que sabe bem na mesma. É tipo sushi (risos).
Hélder: Al dente (risos).

Em 2016, os Bed Legs lançaram o Black Bottle. Como é que este disco tem sido recebido pelo público: conseguiram transmitir a mensagem que queriam?
Fernando: Acho que até conseguimos mais do que pensávamos conseguir!
Hélder: Tem quase dois anos e continuamos a tocar à custa desse cd. Mais este ano do que no ano passado até, o que é uma coisa surpreendente. Temos a agenda preenchida.

E tendo em conta esse sucesso, vocês já pensam no que vem a seguir ou preferem viver um dia de cada vez?
Fernando: As duas coisas. Mas já estamos a planear! Estamos a planear e a fazer um novo álbum, mas também não queremos ir com muita pressa. Queremos trabalhar melhor e não fazer mais à pressa como fizemos no primeiro álbum. Se calhar queremos experimentar mais. Testar novas paisagens, novas texturas e novos ambientes.

Nós estamos aqui a conversar porque vocês acabaram de atuar no Douro Rock. O concerto correspondeu às expectativas?
Fernando: Às vezes vamos tocar a sítios onde nos sentimos um bocado descontextualizados, porque às vezes as bandas não são do mesmo estilo ou as pessoas, aparentemente, parecem não estar muito naquele mundo. Mas, aqui, no Douro Rock é mesmo isso: rock! Vamos tocar o nosso estilo e as pessoas que gostam de ouvir rock se calhar até vão curtir. As pessoas aderiram bem. Vimos algumas ali à frente a saltar, pessoas lá atrás a verem (o concerto) com atenção. Não foram embora, por isso acho que foi positivo (risos).


Depois do festival em Peso da Régua, segue-se o Rock In Rua (Arco de Baúlhe) e o Suave Fest (Guimarães).


domingo, 13 de agosto de 2017

Realizações de 2017 #6

domingo, agosto 13, 2017 3 Comments
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A segunda edição do Douro Rock foi um sucesso! Blind Zero, Marta Ren, Piruka, Linda Martini, You Can't Win, Charlie Brown, Bed Legs, GNR e Capitão Fausto foram os nomes que, este ano, se fizeram ouvir no Festival de Verão, de Peso da Régua.
Foram duas noites incríveis com os melhores concertos! Claro que, no concerto dos Blind Zero, lá fui eu para a primeira fila. E foi tão fantástico! Eles são incríveis! No entanto, não posso não manifestar a minha surpresa com os You Can't Win, Charlie Brown. Conhecia pouco deles e nunca os tinha visto ao vivo. Mas a verdade é que fiquei agradavelmente surpreendida e adorei o concerto!
Para além dos concertos fantásticos a que assisti nestas duas noites, ainda tive a sorte de entrevistar alguns dos artistas que por lá passaram. Blind Zero, You Can't Win, Charlie Brown, Bed Legs, Capitão Fausto e GNR estiveram à conversa comigo no backstage e, em breve, terei o prazer de partilhar convosco todas estas entrevistas. Por isso, já sabem, fiquem por aí e acompanhem todas as novidades do blog! :p

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Os filmes desenham os heróis que faltam na realidade

sexta-feira, agosto 11, 2017 6 Comments

A literatura está coberta de heróis nas suas histórias. E todos eles têm as mesmas características: serem corajosos e mostrarem-nos de que é feito um verdadeiro herói. Seguimo-los por toda a parte a aguardamos ansiosos o filme seguinte. Mas porque é que precisamos tanto deles?
Há uns dias estava a ver críticas a um filme e reparei que a maior parte dos comentários falavam do desempenho de determinado ator que não tornou a personagem tão heróica quanto deveria. Parei e pensei “porque é que procuramos tanta perfeição na ficção se ela é apenas isso, ficção?”. Depois percebi que nós procuramos nos livros, nos filmes e nas histórias em geral tudo aquilo que gostávamos que fosse a realidade. Desejamos que aquele casal apaixonado fique junto no final, que a senhora vença o cancro e que o vizinho da frente deixe de fazer barulho porque incomoda a criança. E tudo isto porque são coisas que, no dia a dia, era bom que acontecessem: nós sermos felizes com o amor da nossa vida, a nossa tia vencer a luta contra o cancro ou o vizinho da frente deixar-nos dormir em paz. E, nesse aspeto, os heróis têm o papel mais fundamental de todos: fazer-nos acreditar. Eles representam-nos. Representam a nossa vontade de sermos melhores, de sermos corajosos e vencermos cada vilão que vai aparecendo na nossa vida, seja ele uma pessoa, uma doença ou outra coisa qualquer. Na verdade, passamos uma vida inteira à procura de sermos completos e realizados. Mas a vida é cheia de cenas cruéis que, tal como nas histórias, nos tentam destruir. Mas cabe-nos a nós a luta pelo final que queremos ver no nosso próprio filme. O problema é que nem sempre temos a força necessária para lutar pelo final que tanto desejamos. E, nesses momentos, os heróis que conhecemos na literatura ou nos filmes são tudo aquilo que gostávamos de ser. Aqueles que são ficção representam-nos a nós, humanos. E essa representação agrada-nos de uma forma que não conseguimos expressar. E buscamos essa representação na nossa realidade, lutamos imaginando que somos o herói daquele livro que lemos e se ele conseguiu, então nós também conseguimos.
Uma das coisas que fui percebendo ao longo dos anos é que nós encaramos a vida como uma história. A diferença é que nesta, nós somos os protagonistas. E, aqui, não conseguimos prever o final. Não será por isso que admiramos tanto tudo o que envolve os heróis? Porque é o único final em que sabemos o que vai acontecer realmente? Talvez a ideia do bem triunfar sempre nas histórias nos faça querer ser heróis como os que lemos, mesmo que às vezes não o consigamos ser.

Publicado em Repórter Sombra.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Jimmy P: «Acho que é muito difícil tu fazeres um bom tema de rap se não tiveres profundidade nas palavras.»

quinta-feira, agosto 10, 2017 7 Comments
No passado dia 3, começou a edição deste ano do Festival da Francesinhaem Peso da Régua. Foram quatro noites nas quais pudemos ver atuar Quim Barreiros, Matias Damásio, Jimmy P e Mickael Carreira.

Na noite de sábado, dia 5, foi a vez de Jimmy P subir ao palco. O cantor lançou, em 2016, o álbum Essência e, alguns minutos antes do concerto, falou-nos um pouco acerca da sua música e do seu percurso.

Fotografia: Sofia Rodrigues

Boa noite! O Jimmy diz que o poder da rima vai ser sempre central na sua música. Porquê?
Porque acho que isso é uma característica do género, portanto, acho que o rap é, sobretudo, um género que incide sobre a palavra. Aliás, neste caso, tudo o que envolve o universo musical no hip hop acho que tem sempre a prevalência da palavra, daí eu ter dito isso. Acho que é muito difícil tu fazeres um bom tema de rap se não tiveres profundidade nas palavras.

Sendo filho de um futebolista e tendo vindo para Portugal para jogar futebol, porque é que optou pela música?
Não foi uma opção premeditada. Eu vim para cá com o objetivo de jogar futebol, mas foi nessa altura que eu descobri a música como executante, como intérprete e como criador. E, felizmente, percebi atempadamente que se calhar gostava mais de fazer música do que de jogar futebol, apesar de ser apaixonado por futebol. Tenho muito mais prazer em fazer música do que tinha a jogar e a treinar na altura. Portanto, foi uma consequência natural da minha vinda para cá. Ou seja, ao vir para cá percebi que, sim, gostava mais de fazer música.

E ao longo deste tempo, o que é que foi mudando para o seu estilo de música ser ainda mais seu e destacá-lo dos restantes artistas?
Eu acho que para as pessoas que conhecem o rap, e para as que têm uma primeira impressão daquilo que é o rap como género, existem muitas ideias pré-concebidas daquilo que é o rap e elas existem por alguma razão. Existem algumas coisas que se associam ao rap, como o facto de algumas músicas terem algumas expressões que se associam à homofobia ou denegrirem as mulheres ou ser uma mensagem demasiado materialista... Portanto, existem pequenos pormenores que são reais e que fazem com que as pessoas tenham essa perceção. E naquilo que me diz respeito, eu pretendo que a minha música não seja nada disso, ou seja, o que eu pretendo veicular são coisas saudáveis para as pessoas que ouvem. Não pretendo, de todo, ser uma pessoa que veicula essas ideias pré-concebidas que as pessoas associam ao rap. Assim, a música que eu faço tem muita melodia. Tem uma coisa que habitualmente não se vê no rap. Eu tento fazer música verdadeiramente, ou seja, rodear-me de músicos, fazer arranjos... Pegar no rap e transformá-lo numa canção.

Numa letra diz “Entre as estrelas vens ensinar-me a sorrir”. Toda a gente canta esta música, porque ela tem um significado especial. Todos a sentimos de alguma forma. Para si é importante que a música seja isso: transmitir uma mensagem com que as pessoas se identifiquem?
Eu acho que isso é o mais importante. Acho que isso é o propósito maior de fazer música. Aliás, eu acredito que, muito mais do que as pessoas baterem palmas ou gritarem, o que importa é fazeres a diferença na vida delas de alguma forma. E o meu percurso tem-me ensinado isso, que a música que eu faço é extremamente pessoal. Não estou habituado a fazer música ou a falar de coisas que não me dizem respeito. Então, eu partilho histórias e coisas que me dizem respeito e, felizmente, as pessoas conseguem identificar-se e rever-se nelas. No caso deste tema, a verdade é que foi uma letra que eu escrevi num espaço de duas horas, a fazer uma viagem de Londres para o Porto, porque foi o período em que fui lá para estar com uma pessoa que me era muito querida e que estava nos últimos dias de vida. No fundo, esse sou eu a expressar uma experiência que me foi profundamente traumática e essa música, para mim, teve uma função terapêutica. Não esperava sequer que se tornasse naquilo que se tornou.

É a primeira vez que está a atuar aqui, em Peso da Régua... Quais as expectativas?
É! Já estive para vir cá noutra ocasião, mas o concerto acabou por não se concretizar e, para ser sincero, já tenho alguma expectativa. Porque eu costumo vir aqui algumas vezes passar alguns dias com a minha família, no Pinhão, e gosto muito desta zona. E gosto muito dos vinhos que fazem aqui (risos). Portanto, já tinha alguma expectativa em vir aqui, porque tenho sempre alguma curiosidade em saber como é que vai ser e como é que as pessoas vão reagir. Vamos ver.

Jimmy, qual é a sua Essência?
Essa é uma pergunta um bocado difícil de responder. Aliás, quando nos fazem perguntas sobre nós é sempre mais difícil de responder. Mas, resumindo, eu acho que aquilo que eu procuro ser é sempre o mais sincero e o mais honesto possível naquilo que faço, porque não gosto de ser enganado pelas pessoas e também não gosto de enganar as pessoas. Então, na música que eu faço, o que eu procuro é ser o mais sincero e mais honesto possível e, no fundo, só espero que as pessoas se consigam rever e apropriar-se daquilo que eu estou a transmitir.


Jimmy P e a sua equipa subiram ao palco pouco antes das 23h. O público vibrou e respondeu. Uma noite repleta de energia e boa música naquela que foi a terceira noite do Festival da Francesinha, em Peso da Régua.


Até logo, Diamond!

Obrigada pela visita!
Volta Sempre :)