sábado, 16 de julho de 2016

# André Mendonça # E se fosse consigo

André Mendonça: «Depois os rituais de bruxaria para me tornar hétero e me demoverem da ideia de ser homossexual e o mais grave foi saber que me colocavam drogas na comida para me pôr doente.»

Chama-se André Mendonça e, como tantos outros, foi mais uma vítima da homofobia. Tudo começou quando, por volta dos doze anos, começou a perceber que não se sentia atraído por raparigas. Daí até perceber que era homossexual foi só um passinho.
A sua homossexualidade moldou-lhe a adolescência por, segundo os colegas, “ser diferente”. Na escola foi vítima de bullying, chegando mesmo a ser ameaçado, humilhado e insultado nas aulas. Ao não aguentar a pressão e os constantes insultos por parte dos colegas, André decidiu abandonar a escola ficando, assim, apenas com o 11º ano concluído.
A verdade é que, se na escola as coisas não estavam fáceis, em casa também não. Os pais não aceitaram a homossexualidade do jovem afirmando “que pouca vergonha! És a vergonha da família! Não tens vergonha de ser assim? Não me faças, nem eu nem o teu pai, passar vergonhas!” Esta falta de apoio familiar fez com que André tomasse a decisão de deixar a Madeira –local onde nasceu- e ir viver para Lisboa com o seu atual companheiro.
Atualmente, o jovem não mantém qualquer tipo de contacto com a família e está desempregado, sendo que é o seu companheiro quem suporta todas as despesas de ambos.
Nesta entrevista, André fala-nos do difícil e duro percurso que fez até aqui assim como da forma como a homofobia está presente em toda a parte.


Com que idade e como começaste a perceber que gostavas de pessoas do mesmo sexo que tu?
Desde cedo. Por volta dos seis anos comecei a perceber que era diferente, simplesmente apercebia-me que não conseguia fazer tudo como as outras pessoas. Foi algo que, mais tarde, vim a saber tratar-se de ter nascido prematuro, com vinte e seis semanas, e ter tido paralisia cerebral aos dois anos. Sempre tive a sensação de as pessoas me tratarem de forma diferente. Entre os doze e catorze anos comecei a perceber que algo em mim era diferente, que me sentia atraído por rapazes e as raparigas não me diziam nada. Apenas aos dezasseis anos é que consegui encarar o facto de gostar de alguém do mesmo sexo de forma positiva. Não foi um percurso nada fácil dado que me foi ensinado, por provir de uma família cristã, que ser homossexual era errado, doença, pecado.

A verdade é que a sociedade consegue ser muito cruel com aquilo que considera “diferente”. Quando decidiste assumir a tua homossexualidade perante os teus colegas e amigos sentiste que foste, automaticamente, tratado de forma diferente?
No ambiente escolar as coisas não foram nada fáceis. Desde a primária sempre fui discriminado por ser diferente, por andar de forma diferente, por não fazer as coisas no mesmo timming do que os outros, por ter algumas facilidades dado o problema de saúde aquando dos primeiros anos de vida. Quanto à questão da homossexualidade propriamente dita, sempre fui alvo de polémica na escola, fui vítima de bullying desde o 5º ano até ao 12º ano. Os amigos, a maioria deles, nunca esperavam que os ditos boatos da escola fossem verdade. Pensavam tratar-se de uma “brincadeira de crianças infantis”. E sempre tive quase nenhuns amigos, apenas pessoas oportunistas que queriam aproveitar-se de mim como podiam.

E a tua família? Como lhes disseste e como reagiram?
A primeira pessoa da família a quem contei foi uma tia minha que me disse que isso seria um desastre, uma bomba e que ninguém iria aceitar e respeitar-me. Que mal poderia querer que isso que lhe dissera fosse verdade e como poderia ter eu tanta certeza por ser tão novo.
Infelizmente, não tive a hipótese de contar aos meus pais, eles descobriram porque invadiram a minha privacidade: não podia ter a porta do quarto trancada e um dia leram as minhas sms porque esqueci-me do telemóvel e espiaram o que fazia no computador. Se por ventura tivesse tido essa hipótese, a minha intenção seria guardar o segredo mais uns anos porque desde cedo soube que não iriam saber respeitar-me e aceitar-me. Na altura em que se debatia a legislação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, ouvia os meus familiares a tecerem comentários depreciativos e homofóbicos.
A reação dos meus pais quando descobriram que eu era homossexual foi uma catástrofe: “Que pouca vergonha! És a vergonha da família! Não tens vergonha de ser assim? Não me faças, nem eu, nem o teu pai passar vergonhas! Pelo teu irmão não faças uma coisa dessas!" (irmão este que não se encontra com vida, morreu à nascença e é inadmissível os meus pais usarem o meu irmão para me demover de gostar de rapazes). As coisas foram piorando: “Tu só gostas é de levar no cú! Devias é levar com a comichão das urtigas! Tu não prestas, és tonto, és uma vergonha! E quem foi que te meteu isso na cabeça?”. “Homens são homens, não são gatos!”; “Uma pessoa por ter uma tatuagem, piercing, gostar de homens ou mulheres, não é considerada sociedade nenhuma, é a coisa mais horrível que existe, é a podridão do mundo”, “Isso não são pessoas, não são nada!”
Chegando ao extremo de dizer-me: “É melhor pegares numa arma e matares os teus próprios pais, assim já ficas livre de nós já que é isso que queres! É melhor isso do que dizeres que és paneleiro! Só por uma gaja te ter dado com os pés, tu viraste!”.
Com o passar do tempo vieram outras expressões: "Filho, eu quero que tu sejas como o pai diz!” ; "Esses filhos da puta, esses paneleiros” ; “Esses amigos com quem tu andas, tens de mudar o rumo da tua vida! Assim não vais chegar longe!” ; "Não sei o que vês num homem, uma mulher tem tanto para dar a um homem, bem como um homem tem tanto para dar a uma mulher! Experimenta e vais ver como é bom!” ; "Pensei que tu eras meu amigo e gostavas de mim, não sei que tempestade vai na tua cabeça, eu ao pé de ti até me sinto um cachorro por tu não gostares de mulheres!” ; "Tu tens de pensar na tua vida e apenas um dia mais tarde (aos trinta anos), quando já trabalhares e ganhares, é que podes estar com quem quiseres e fazeres o que bem entenderes!” ; "Já é tempo de parares com essas coisas, não tens vergonha!? Já te disse para estudares, não é para andares a ver meninos!”; “As putas vão para a rotunda, tu não sei para onde vais!”.
Primeiro foram as expressões, as discussões constantes. Depois os rituais de bruxaria para me tornar hétero e me demoverem da ideia de ser homossexual e o mais grave foi saber que me colocavam drogas na comida para me pôr doente.

O facto de teres levado algum tempo para contar aos teus pais e aos teus amigos fez com que tivesses de passar por muita coisa sozinho. Como digeriste tudo isso?
Não foi mesmo nada fácil conseguir assimilar estar coisas num curto espaço de tempo, completamente tudo fora dos planos que eu tinha imaginado na minha mente, a vida trocou-me as voltas todas. Tive de crescer em mentalidade, aprender a lidar com coisas que aos 15/16 anos ninguém pensa ter de enfrentar. Cheguei até a ter uma depressão por causa da situação toda. Não foi, de todo, fácil de aprender a aceitar-me, a ter respeito por mim tal e qual como sou dado a educação que me foi dada na infância e dado o facto de viver num meio em que ser gay implica viver dentro do armário.

O preconceito está em toda a parte e não consegue não atuar. Há algum episódio em que tivesses sido vítima desse preconceito que possas partilhar connosco?
Cheguei a ser ameaçado na escola com uma navalha e um isqueiro. Os meus colegas de turma colocavam pioneses nas cadeiras, vezes sem conta. Chegaram até a entornar-me uma garrafa de leite para cima da roupa com o propósito de me humilhar e enxovalhar em plena sala de aula.
Numa aula de Educação Física estávamos a lecionar a modalidade de basebol e a professora mandou-me fazer de catcher, e certos colegas disseram-me: “ah, vai lá apanhar as bolas, tu só gostas é disso, seu vadio! Não fazes nada nas aulas! Só gostas de estar sentado e só gostas é de levar no rabo e de leitinho, não é seu cabrão?” Fiquei com um trauma no desporto devido ao bullying passado desde há alguns anos, relembro-me de tudo o que eu passei em pequenino e entro em modo depressivo. Depois, as pessoas não me sabem integrar. Põem-me sempre de parte, colocado a um canto. Sempre foi assim. E depois começam a gritar comigo, dizendo que eu não sei jogar e que não jogo direito, e gozam comigo. Tudo aliado ao facto de não me sentir bem nos balneários com os rapazes. No 11º e 12º tive atestado médico a Educação Física (dado os problemas de saúde que tive à nascença). Fazer aquelas aulas para mim era uma tremenda tortura psicológica! Foi horrível todo este processo. Acabei por abandonar a escola em Janeiro de 2014, ficando apenas com o 11º ano completo para todos os efeitos. Isto, devido ao facto de a situação ter chegado ao limite do que aguentava e não suportar mais a pressão psicológica tanto em casa como na escola. Estava na altura de pôr o meu ponto final, quando para mais, eu sabia que a escola não estava minimamente interessada em defender os meus direitos.

O que é que pesou na tua decisão de te mudares para Lisboa?
Estava sem saber o que iria fazer, apenas queria sair dali, daquele casulo, daquele sitio onde nada fazia sentido e recomeçar de novo noutro local. Pesou tudo um pouco. Se me iria ambientar à nova cidade, se ia conseguir socializar e fazer amigos, o medo de andar sozinho principalmente à noite mas, por outro lado, sabia que iria ter liberdade para ser eu mesmo.

Numa entrevista disseste que o teu atual companheiro é o teu primeiro relacionamento sério. Como percebeste que era amor?
No início, o que ambos apenas queríamos era uma “amizade colorida” mas com o evoluir do tempo o cupido fez das suas. É absolutamente incrível e impensável encontrar alguém com a cabeça no lugar num site de engate muito popular, “Manhunt”. Este é daqueles sítios onde jamais se pensa que se encontra alguém para algo sério, verdadeiro e duradouro.
É tão incrível como um "não queres companhia para dormir?" fez o encanto daquela noite. Parece um filme, foi no momento certo, à hora certa - Destino. Desde que o vi, senti o “clique”, algo me disse que ali à minha frente estaria uma pessoa muito especial, com muito para me dar: amor, carinho, amizade, etc. Pelo evoluir das coisas semana após semana, a vontade, a necessidade de estar a falar horas e horas, o convívio, estar frente a frente, era cada vez maior. O desejo de ter a pessoa só para nós era notório. Desde o início, percebi que estava perante uma pessoa com a cabeça no lugar, tendo alguma vivência similar à minha, sempre abordamos todos os temas com maturidade, partilhando a visão, vivência e experiencia de vida de cada um de nós. São tudo coisas que nos fazem crescer, mudar e evoluir. Estou orgulhoso de cada passo, cada conquista ecada vitória de ambos.

O que a maior parte das pessoas não consegue entender nos casais homossexuais é o facto de se amarem porque “vai contra a natureza humana”. Alguma vez sentiste que a sociedade olhava para ti e para o teu namorado na rua como não sendo um “casal saudável” só por serem do mesmo sexo?
Sim, já duas vezes. Uma quando passávamos o fim-de-semana do dia dos namorados no Porto. Uma senhora apontou-nos o dedo, perseguiu-nos e queria tirar-nos os sacos das compras do supermercado. Se não fosse um grupo de idosos do outro lado da rua a mandarem embora, não sei o que teria sido. A outra, em Portimão, na Páscoa. Um rapaz mais ou menos da nossa idade pediu isqueiro para o cigarro, dissemos que não e seguimos em frente. Como ele viu que estávamos de mão dada começou a seguir-nos e a insultar-nos. Nós seguimos caminho sem olhar para trás, até ao momento em que ele nos atira uma pedra da calçada que quase atinge a cabeça do meu namorado. Aí aceleramos o passo mas ele continua a perseguir-nos durante mais uns quantos metros, até que decide ir-se embora.

Achas que isso tem contribuído para o facto de teres dificuldade em arranjar emprego?
O mercado de trabalho encontra-se muito complicado e precário. Em parte, noto que a dificuldade se deve a não haver quem se digne a dar oportunidades para a pessoa mostrar aquilo que vale, o seu potencial, poder começar e evoluir para poder finalmente ter experiência (requisito fulcral na maioria dos anúncios de emprego).
E depois ninguém está para perder tempo a ensinar alguém,
querem é máquinas e autênticos robots que não falem, não reclamem e aceitem ser escravizados. É quase impossível não ter um trauma com isto. Eu acredito e sei ver que sou capaz de fazer coisas interessantes. A questão aqui é que as empresas não vêem isso e estão a borrifar-se para o resto. Não acreditam no valor das pessoas. Tenho, desde que cá estou, experimentado diversas coisas, no entanto, não houve sequer nenhuma dessas que vingasse e perdurasse. O facto de ter a condição de saúde que tenho também acaba por limitar-me e não há quem seja capaz de respeitar as limitações e incluir-me dando uma oportunidade.     
E por outro lado, tudo se rege em padrões e costumes impostos, a sociedade acaba por impor “modelos” para as profissões. Por exemplo, não podes ter maneirismos, ter um lado artístico, ter o cabelo pintado, usar makeup ou usar roupa de um estilo diferente. É bizarro porque penso “desde quando é que se julga o livro pela própria capa?” e “como é que isso influência a minha prestação enquanto profissional?”. Acho que deveria haver liberdade para podermos ser nós mesmos. Quem o faz acaba por ser logo discriminado e posto de parte por decidir ser genuíno. Por, no fundo, teres a coragem para seres “tu próprio” tal e qual como és, te sentes e identificas.

O que dirias às pessoas que te julgam a ti e a tantas outras pessoas com orientações sexuais “diferentes”, afirmando que a homossexualidade é uma doença?
A homossexualidade não é uma doença, doença é, sim, a pequenez da mente das pessoas em quererem ser retrogradas e massacrar os outros com idealismos e convicções baseadas em “ques”. O amor vence tudo. Se incomoda assim tanto alguém ser homossexual e demonstrar afeto, está mais do que na hora de abrir os olhos e ver o mundo lá fora. É desolante ser tratado, rotulado e julgado como se fosse um produto de supermercado com um código de barras. Doí, magoa e fere. Devemos simplesmente não impor barreiras ao amor. Estamos em 2016, vamos andar para a frente! Trata só os outros com o respeito que gostarias que tivessem por ti. Para amarmos alguém não interessa o sexo, raça, religião. O que interessa mesmo é o significado do sentimento “amor” para nós e para esse alguém. Ser homossexual não faz alguém pior ou melhor mas sim alguém mais forte, com a vivência na primeira pessoa para o mundo cruel que te rodeia. Quem é homossexual é uma pessoa como as outras, também têm um projeto de vida, casar, constituir família, ser bem sucedido. Isto é um pequeno detalhe que faz parte de nós desde a nossa existência, é uma forma de amar tal como a heterossexualidade, é bonita, verdadeira, real, sincera.

Consideras que teres dado a cara num programa de televisão te permitiu abrires mentalidades e afirmares o teu direito de seres feliz?
Sem dúvida que sim. Foi das melhores coisas que fiz. Decidi, finalmente, que já estava mais do que na hora de partilhar a minha história de vida, a minha vivência, por forma a inspirar outros e a demonstrar a força e a coragem e orgulho que tenho em ser quem sou. E também para poder contribuir para uma diminuição do preconceito e homofobia existentes! O feedback que obtive aquando da emissão do programa foi bastante positivo. Quem viu ficou comovido com o meu testemunho e felicitou a minha coragem para ser quem sou sem medos.

Numa entrevista, referiste que a tua família se esqueceu da tua existência. Até à data, nunca mais te tentaram procurar ou estabelecer algum tipo de contacto?
Embora o tempo passasse, os meus pais continuaram os iguais de sempre: a renegar-me, maltratar-me e criticar-me por tudo e mais alguma coisa. Continuaram as chantagens e manipulações emocionais, o quererem saber tudo da minha vida pessoal e íntima, sem olhar a meios. Até que chegou o ponto de rutura, sendo que foram eles próprios que decidiram abandonar-me e deixar-me sem chão, no natal de 2015. Quase seis meses se passaram desde que eles me deixaram de apoiar financeiramente. Não me falam, nem me retribuem as chamadas que lhes faço. Ignoram-me, não só eles mas todos os familiares, como se eu alguma vez existisse. É triste, mesmo muito, mas a vida é para a frente. Se não querem saber de mim para nada, manifesto o mesmo sentimento para com eles e faço de tudo para seguir com a minha vida em frente. Até à data, quer depois da ida ao programa bem como da referida entrevista, não tive qualquer contacto por parte de algum familiar sejam os pais, bem como tios/tias, primos/primas. Simplesmente ninguém se lembra de mim nunca, desde que vim para cá e não vou ser eu a preocupar-me que eles existam pois só me falam quando necessitam de algo. Família se fosse de verdade deveria de ter o dever e preocupação de quinze em quinze dias ou de mês a mês perguntar se estou bem, se preciso de alguma coisa, como corre a minha vida. Mas não, não querem saber. Assim sendo, não preciso de pessoas assim na minha vida. Mais vale esquecer, nem os consigo considerar como pais mas sim progenitores.

O que dirias aos teus pais se eles estivessem a ler esta entrevista?
Família é todos os dias. É para sempre. É dar apoio não importando a causa. É estar lá para o que os outros necessitam. Sinto pena por estes seres serem incapazes de ver o que há de belo em mim. Não há ganhos na vida sem sofrimento, aprendemos a nos tornar-nos mais fortes e mais maduros. Quanto à família, a única que tenho tido mais perto de mim tem sido o meu namorado, tendo este feito mais por mim do que eles a vida inteira. A família de sangue, que esperava dignamente que me respeitasse, não o faz. Continuam sempre a culpar os outros por aquilo que acontece, dizerem mal de tudo e todos. Um dia vão acordar para a realidade mas aí será bastante tarde demais. Cada um vê o que quer ver e como quer ver.
Eu, desde pequeno, sempre dei todos os sinais que seria homossexual. Nunca ninguém quis saber disso. Ninguém foi capaz de olhar com olhos de ver, de apoiar e tornar as coisas mais fáceis e descomplicadas, afinal, é apenas gostar de alguém que é do mesmo sexo, não se trata de um bicho-de-sete-cabeças tal como o encararam, o que importa é ser feliz.

Voltando à questão do trabalho, estás desempregado e tem sido o teu companheiro a suportar todas as despesas. Como é que têm conseguido lidar com esta dificuldade?
A situação tem sido complicada. Não tem sido nada fácil para mim ver o meu namorado a ter de suportar todas as despesas e não poder contribuir em praticamente nada. O facto de estar desempregado desde agosto de 2015 e de ter trabalhado apenas três meses num local onde fui explorado não ajuda em nada também. Custa entregar currículos, tentar e tentar, bater no ceguinho e no final nada. Custa-me não ter uma solução imediata para o problema porque seria isso que necessitava. E já cheguei à conclusão que ou consigo um fator “cunha” ou então será complicado entrar no mercado de trabalho.

Por fim, o que dirias às pessoas que estão a conhecer esta tua história e de que forma gostarias que o teu futuro melhorasse a nível profissional?
Sei que um dia vou mostrar a todos que me tornei alguém com família, filhos, trabalho e realização. Aquilo que me fizeram foi tão mau, mas tão mau, que me deixou marcas irreversíveis. Por outro lado, ajudou-me a crescer em pessoa, aprendi a ser mais forte, a perceber que o mais importante não é ter o armário cheio de roupa cara e bens materiais, mas sim amor, carinho, amizade, e coisas que às vezes nos parecem fúteis, aqueles pequenos detalhes mas que fazem a diferença no dia-a-dia de alguém.
Desde pequeno que fui obrigado a cozinhar para poder alimentar-me porque os meus progenitores passavam o tempo quase todo a trabalhar. A paixão foi crescendo e, com o passar do tempo, após muito pensar e da insistência do meu namorado e alguns amigos, decidi criar uma página de facebook - https://www.facebook.com/culimendarte/.
No entanto, até hoje, não tive sucesso algum e aquilo que idealizava ser para ganhar uns trocos de venda de comida não se concretizou. Em parte, dado a viver numa grande cidade e da invasão robótica nas cozinhas. Hoje em dia as pessoas já fazem de tudo em casa.
Quero ter algo meu, o meu ganha pão, uma espécie de salão de chá irreverente onde possa vender os meus produtos caseiros e artesanais mas dado não ter capital próprio torna-se mais complicado conseguir seguir em frente e delinear o projeto. Acho que essa solução, se fosse possível, neste momento seria a mais viável. Caso contrário. resta-me esperar que alguma alma bondosa me consiga integrar em alguma coisa ou ajudar-me no que for possível para poder sentir-me útil, realizado e feliz.


Terminada esta entrevista, resta-me agradecer ao André pelo contacto e por ter partilhado connosco toda a sua história.


2 comentários:

  1. Amei, Amei, Amei! Gostei imenso do post :)

    http://10metrosdouniverso.blogspot.pt/

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