segunda-feira, 19 de março de 2018

# Cinema # Dave Johns

Opinião: «I, Daniel Blake»



Sou ansiosa. Sou ansiosa até quando acho que não estou a ser. Sou ansiosa até enquanto durmo. A questão é que parte dessa ansiedade surgiu por parte dos outros e da pressão que exerciam sobre mim.
Iniciado o segundo semestre da faculdade, optei por levar um bocadinho da minha história a um trabalho que estou a realizar. A ideia é mostrar a forma como, ao longo da nossa vida, todos sofremos pressão das mais diversas formas e, na maior parte das vezes, essa pressão traz consequências graves e irreversíveis. A ansiedade e a depressão são exemplos dessas consequências.
"I, Daniel Blake" é um filme que retrata muito bem toda esta realidade. Vi-o por sugestão de um professor e não me arrependi. Muito pelo contrário. Para já, o título do filme é muito sugestivo. Afinal, deixa-nos logo com curiosidade em saber quem é Daniel Blake e o que é que ele fez de tão fantástico para dar nome ao filme. Por outro lado, foi fundamental no que diz respeito a esta temática da pressão exercida sobre nós. 
Daniel Blake é um homem na casa dos 60 anos que, após ter sofrido um ataque cardíaco, é considerado pelos seus médicos como sendo inapto para trabalhar. Assim, Daniel passa a viver num drama para sobreviver, já que fica dependente dos benefícios do Estado até recuperar a saúde. O problema é que o Estado não parece muito preocupado com a saúde deste homem e cria-se uma situação preocupante e que parece não ter resolução, o que não ajuda à sua saúde. Desta forma, a história de Blake leva-nos a questionarmo-nos sobre quantas vezes não olhamos ao sofrimento do outro (seja ele físico ou moral) ou não nos preocupamos em perceber de que forma estamos a prejudicar a vida de outrém depositando nela uma pressão que está a ser destrutiva. Isto é visível quando, em determinado momento, ficamos a saber que, apesar dos médicos proibirem Daniel de trabalhar por este estar inapto, o Estado pensa de forma contrária e considera-o apto a trabalhar, não concedendo o benefício para que este possa sobreviver. A par desta problemática ficamos também a conhecer a vida de Kate, uma jovem que luta incessantemente pela sua sobrevivência e dos seus filhos, fazendo coisas que nunca se imaginou a fazer. 
Ao longo do filme, as histórias de Kate e de Daniel entrelaçam-se e acentuam a forma como cada um luta por condições mínimas de vida e os efeitos negativos que a pressão social coloca sobre eles. É um filme emocionante, que nos faz refletir sobre a sociedade e o ser humano enquanto ser individual mas que depende da vida em sociedade. Se estivermos bem atentos e mergulharmos fundo na história percebemos que o Daniel podia ser o nosso pai, o nosso amigo, o nosso vizinho da frente... Percebemos ainda mais fortemente que há muitos Daniel's espalhados pelo mundo fora e que, tal como a personagem, podem acabar por ceder àquilo que os atormenta.


Já viram este filme? O que acham? :)

2 comentários:

  1. É surreal, se analisarmos com cuidado, o efeito negativo que toda essa pressão exerce sobre as pessoas. E é triste perceber que a sociedade, que se diz ser a favor da diferença, estipula um certo caminho comum, como se tivéssemos todos o mesmo ritmo e as mesmas prioridades.
    Não conhecia o filme, mas deixaste-me cheia de vontade de o ver!

    r: O MEC acerta sempre *.*

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  2. fiquei bem curiosa com esse filme já o anotei na minha lista
    https://retromaggie.blogspot.pt

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Até logo, Diamond!

Obrigada pela visita!
Volta Sempre :)