segunda-feira, 2 de maio de 2016

# Atualidade # Cultura

Programas de talentos

Como já se devem ter apercebido, sou uma adepta de programas onde nos são mostrados talentos que não sabemos que existimos. Acho que são bastante importantes no que diz respeito à valorização das artes e da nossa cultura. Mas a questão que se põe prende-se muito com o facto de valorizarmos mais uns talentos do que outros.
Na noite de domingo, doente e sem saber muito bem como me distrair, decidi ver a final do Got Talent Portugal, programa que estava a ser exibido na RTP1. Já tinha acompanhado as restantes galas e, portanto, já conhecia os talentos que se apresentaram na final. Muitíssimo justos, diga-se de passagem. No entanto, não posso deixar de manifestar a minha insatisfação perante os óbvios vencedores deste tipo de concursos. Este é, provavelmente, o único programa português em que podemos ver diferentes artes e diferentes talentos na área da dança, das artes circenses, da magia, entre outras. Aqui não há restrições e isso é fantástico. Já me sinto farta de programas televisivos em que só se valoriza o canto e mais nada. Mas a verdade é que o canto não deixa de ser a arte mais valorizada. E a prova disso está nesta final do concurso da RTP1. No meio de treze talentos, o vencedor foi, claro está, a voz. E não é que eu tenha achado injusto porque a vencedora canta extremamente bem. Mas, na minha sincera opinião, havia candidatos muito mais aptos a ganhar o concurso que talvez não o tenham ganho pelo seu talento ser considerado "inferior". 
Vivemos num país em que a voz vai sobrepor-se sempre à dança. A magia vai ocupar sempre um dos lugares mais inferiores na escala porque, afinal, entre uma voz brilhante e a magia, a voz ganha sempre, certo? Sinceramente, esta atitude deixa-me descontente. Adoro música, adoro boas vozes e adoro ainda mais pessoas que cantam com sentimento. Mas também acho essencial sabermos apreciar um bom grupo de dança. Dançar não é a brincadeira que toda a gente pensa que é. Exige horas de trabalho, noites sem dormir e um conciliar de horários e tempo incríveis. Mas, para a maioria das pessoas, cantar é que é difícil. Porque todos sabemos dar dois ou três passinhos de dança de vez em quando mas para cantar não temos jeito nenhum. Enganem-se. Há artes tão ou mais difíceis que o canto. As artes circenses causam nódoas negras no corpo todo, exigem horas de trabalho que levam à exaustão e uma força corporal incrível. A dança exige tanto amor quanto o canto. Ninguém dança sem colocar lá sentimento e paixão. E a magia exige esforço, dedicação, paixão e, acima de tudo, vontade e desejo de aprender. Fazer magia não é só "enganar as pessoas". É preciso saber fazê-lo de forma sublime e de forma a captar a atenção do espetador. E isso é do mais difícil que pode haver. Atualmente, não é qualquer mágico que consegue prender-nos a atenção, é preciso que ele marque a diferença e se destaque de tantos mágicos que já conhecemos. (E falo destas artes porque foram as que estiveram presentes neste programa)
Não tenho problema nenhum em admitir que, para mim, o vencedor deste concurso seria o João Souto. Não porque tenha mais talento que os outros ou porque esteja a levar isto para o lado pessoal mas porque eu sou a favor do fator "surpresa". Um vencedor deve surpreender-nos e destacar-se dos restantes concorrentes e, nesta final, o João fê-lo. Acho que ninguém esperava um número tão cheio de ritmo e tão natural como o que ele nos apresentou. Fazer magia não é fácil -e acreditem em mim porque eu já tentei-, ainda para mais quando se tem dezoito anos, porra. Magia como deve ser leva anos de aperfeiçoamento, treino e dedicação. Fazer magia não é só pegar num baralho de cartas e fazer uns truques. Fazer magia é muito mais que isso. Não é enganar as pessoas pelo truque em si mas pela forma como ele nos é apresentado. E para que isso aconteça há uma série de trabalho que se exige para que tudo corra bem. O João teve uma atuação menos boa antes desta última e conseguiu superar-se no passado domingo quando nos apresentou um número que nunca tinha sido apresentado neste programa português. Fazer magia é isto: é marcar a diferença, mostrar que a arte não é só a dança ou o canto. A magia também é uma arte, também é entretenimento e merece tanto valor como tudo o resto. Eu sou uma apaixonada por magia e não tenho vergonha de o admitir. Tenho um orgulho enorme em ver que há muitos Souto's por aí a lutarem por um lugar no mundo da magia. E não me custa nada admitir que admiro um miúdo de dezoito anos que consegue esforçar-se para conciliar a magia, que só por si dá imenso trabalho, à medicina, que também não é pêra doce. São estes jovens que vão fazer o mundo andar. Pessoas que, desde tão cedo, se dedicam ao que gostam e trabalham horas a fio para nos darem alguma coisa. Está na hora de valorizarmos aquilo que nos é mostrado. Deixar de dar tanto valor a coisas que não têm jeito nenhum e valorizarmos pessoas como esta, que se esforçam por um mundo onde as artes tenham o mesmo sentido e possam ser valorizadas. Porque as artes têm valor e são fabulosas! E porque, como o João Souto, há por aí muitos jovens que merecem ser reconhecidos pelo enorme talento que têm. 


5 comentários:

  1. Se tens aquele género de problemas de pele, aconselho a experimentares ehehe :D É um produto fabuloso mesmo :D

    Partilho da mesma opinião. Hoje em dia está "tudo feito" para quem eles querem vencer. Aliás, geralmente são os mais populares - que nem sempre têm o mesmo talento -, a ganhar... O que é francamente injusto!

    NEW DIY POST | Organizers Of Plastic Bottles.
    InstagramFacebook Oficial PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  2. Apesar de não acompanhar esse tipo de programas sei que se podem encontrar lá alguns talentos muito bons.

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

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  3. Eu também acho super importante haver este tipo de iniciativas para dar oportunidade a pessoas que realmente tem talento!
    With love, KATE ❤

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Até logo, Diamond!

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