Não sou tolerante quando
se trata de preconceito. Não classifico este ou aquele preconceito como sendo
mais ou menos grave que os restantes. Mas confesso que nos últimos dias me
tenho sentido bastante irritada após ter visto alguns comentários a mulheres que
usam o seu corpo para fazer aquilo que gostam.
Em primeiro lugar, não
deveríamos manter-nos de boca fechada quando se trata de um corpo que não é o
nosso? Porque é que nos julgamos no direito de criticar quem quer que seja pelo
que faz com um corpo que é completamente seu? Nunca entendi esse vício
terrível. Aliás, nunca entendi o porquê de o criticarmos ofendendo a pessoa em
questão. Um claro exemplo disso foi o facto de, na noite passada, enquanto
estava a consultar as minhas redes sociais, ter visto uma rapariga ser
fortemente insultada por, no mundo da moda, fazer produções fotográficas
completamente nua. A mesquinhice das mulheres levou-as a chamarem-na de “puta”,
“porca” e a fazer comentários depreciativos. “Não tens vergonha das figuras que
estás a fazer?”, “os teus pais não te deram educação?”, “isto é pornografia,
devias ter vergonha!”. Mas calma, não falo do preconceito e dos comentários que
vi apenas por parte das mulheres. Como é óbvio, os homens não podiam não mostrar
o seu “à vontade” perante aquela fotografia, vulgarizando o corpo feminino de
uma forma, no mínimo, nojenta. Tão nojenta que prefiro nem dar exemplos.
Pois, minhas senhoras e
meus senhores, ao que vocês chamam de pornografia, eu chamo de arte. O nudismo
é uma arte! Ser modelo nú não é nenhum crime e muito menos deve ser considerado
pornografia. Pornografia seria se houvesse um conteúdo sexual por detrás
daquela fotografia. Mas não há. É pura sensualidade. Deixemo-nos de ser
machistas e afirmar que o corpo de uma mulher de respeito tem de andar tapado.
Ter o corpo mais ou menos escondido não faz de uma mulher mais ou menos
respeitável. Aliás, mostrar o corpo em nada influencia o caráter de uma mulher,
ao contrário do que muita gente pensa. Uma mulher que faz uma produção
fotográfica completamente nua não é uma “puta”, é uma mulher que tem amor
próprio, que conhece bem o seu corpo e que tem orgulho na sensualidade que ele
transmite. E não há nada melhor do que uma mulher sentir-se bem consigo mesma
ao ponto de exibir toda a sua sensualidade sem qualquer pano a travá-la. O
problema não está na mulher que está nua em frente a uma câmera para quem a
quiser ver “naqueles preparos”, o problema está na mente pequenina das pessoas
que critica uma mulher por se afirmar e por gostar de si. Não é uma má
exposição, é a exposição mais bonita que pode haver. É a exposição mais
realista de todas. Afinal, nós adoramos comprar aquela revista de moda onde os
modelos aparecem em trajes menores porque “é bonito” e as “fotografias estão
fantásticas”. E o que é que nos lá vemos? Um alguém que não é ele mesmo.
Carregado de apetrechos que não o caraterizam, de maquilhagem que disfarça as
marcas que a vida deixa na nossa pele e falsas curvas num corpo outrora liso.
Na fotografia a nú, o corpo é exposto na sua totalidade. Sem pedaços de pele a
tapar qualquer zona. Nós não nascemos por inteiro? Não nascemos despidos dos
pés à cabeça? Então porque é que temos de ser tão púdicos em relação ao nosso
corpo? Qual a diferença entre fotografar de lingerie ou sem nada? Ah, pois é, a
lingerie tapa as “partes proibídas”. Mas porque é que têm de haver zonas
proibídas no nosso corpo? O corpo humano é o corpo humano e todos os órgãos
fazem parte dele. E não me venham com tretas de que “mostrar isto é mais
pornográfico do que isto”. Não culpem uma modelo que se despe completamente
porque o vosso marido ficou a babar para cima dela por estar completamente nua.
Não tem nada a ver com o que ela está ou não a mostrar, afinal, há sorrisos
muito mais sexy’s do que um peito grande e coxas bem mais interessantes do que
um rabo empinado. Se o choque se instala quando uma mulher mostra a zona púbica
ou o peito é porque a sociedade não está habituada a lidar com o corpo humano
da forma que deveria estar.
Isto para vos dizer que é
abominável existir quem critique a arte fotográfica só porque o ou a modelo se
expõe a nú. Seria muito mais correto admirarmos quem o faz por mostrar o
verdadeiro propósito do corpo humano: a sensualidade nua e crua. Porque quem o
faz não se está a vender ou a praticar qualquer ato sexual em público e muito
menos interfere com a liberdade dos restantes. Quem o faz exprime o verdadeiro
propósito da arte. Tal como o músico, o ator ou o pintor. E se há coisa que
merece mais valorização neste país é a arte.
Texto publicado em Capazes.
Bonito texto linda :)
ResponderEliminarConcordo! Há fotos belissimas à volta deste tema!
Beijinho ♥
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