Miguel Guedes é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Nascido no "coração" do Porto, foi nesta cidade que se uniu a um grupo de amigos que viriam a formar uma banda: Blind Zero.
Para além de ser vocalista deste grupo musical, Miguel desempenha as funções de Diretor da DGA (Gestão dos Direitos dos Artistas), no Porto. Foi também nesta cidade que, a 9 de Agosto de 2014, foi agraciado com a Medalha Municipal de Mérito -Grau Ouro- atribuída pela Câmara do Porto.
Foi colunista semanal do Público entre 2004 e 2006, do Jornal de Notícias em 2008 e da revista Focus em 2009. Atualmente é colunista semanal do Jornal de Notícias e do Jornal I. Mais recentemente abraçou um novo desafio, desta vez, televisivo: o programa Factor X, na SIC.
Nesta entrevista, Miguel fala-nos um pouco sobre o seu percurso, sobre os Blind Zero e de como viveu a experiência de ser jurado de um programa televisivo.
Como é que um
licenciado em Direito se torna um intérprete de rock?
Foi relativamente normal. O curso de Direito não era
só aquilo que gostava de fazer. Em Coimbra estive ligado a outras coisas
(rádio, cinema, associação de estudantes). A verdade é que antes de ser um
licenciado em Direito já era um intérprete de rock mas a nossa banda surgiu
mais ou menos na altura em que eu andava a estudar nas carrinhas para o
primeiro e segundo ano da faculdade. Mas há muita gente que tira o curso de Direito
e que acaba por estar na música, portanto, eu acho que somos sempre pessoas
insatisfeitas e à procura de algo mais.
O que
sentiu ao ser premiado com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Ouro atribuída
pela Câmara do Porto?
Foi um gesto muito simpático por parte da
Câmara do Porto. Eu tenho a ideia de que ainda sou novo demais para receber
esses graus honoríficos (risos). Mas é claro que, para uma pessoa como eu- que
nasceu no coração do Porto-, para mim enquanto portuense e que gosto imenso da
minha cidade, foi um orgulho e para os meus pais também (risos).
Blind Zero, a banda da qual é vocalista,
tornou-se rapidamente numa das mais importantes referências da música
portuguesa. Esperava tanta aceitação por parte do público quando entrou no mundo
da música?
Não, nunca se espera tanta aceitação. Quando
começámos eram tempos diferentes em que havia muito menos bandas e em que era,
sobretudo, muito mais difícil gravar um disco. Nós gravámos um disco ao fim de
um ano de percurso numa altura em que as bandas demoravam 5,6 ou 7 anos a
gravar um disco, portanto, era um tempo diferente em que não estávamos na era
digital- era analógico praticamente- e gravar um disco tinha muitos custos. Na
altura não tínhamos a noção do sucesso que viemos a ter muito rapidamente. A
verdade é que o primeiro disco foi disco de ouro, foi o disco mais vendido na
altura de uma banda portuguesa a cantar em inglês e isso criou-nos logo alguma
pressão e responsabilidade mas também um enorme gozo. Foram os primeiros anos
de banda, foram anos muito vividos.
Sim e
quando surge de repente acaba por saber melhor…
Sim, também é verdade, completamente. Na
época é completamente inesperado. Nós tínhamos ideia de que podíamos continuar
aqui durante alguns anos e tínhamos a noção de um percurso que queríamos fazer
mas ninguém consegue antecipar se um disco vai ser um êxito de vendas ou não,
muito menos agora.
De todos os álbuns já lançados consegue
identificar o que tem mais significado para si?
Os discos correspondem a fases muito diferentes. Há
um disco que eu gosto muito, um disco de 2003 – A Way To Bleed Your Lover-, é um disco que, por razões várias,
ainda está muito atual. Se calhar é o meu disco preferido na carreira dos Blind Zero embora haja canções que eu
goste bastante de quase todos os discos e outras que gosto menos.
Na cerimónia
de entrega de prémios da MTV Music Awards,
em 2003, vocês vencem na categoria “Best Portuguese Act”. Qual é a sensação de
ganhar esta categoria sabendo que foi a primeira vez que a MTV atribuiu um
prémio a uma banda portuguesa?
Foi algo inesperado. Em 2003 lançámos,
precisamente, este disco de que te falei há pouco - A Way To Bleed Your Lover-, fizemos uma turnê de bares em todas as
capitais de distrito do país, à exceção da Madeira e dos Açores. Foi uma
digressão por bares onde tocámos sem palco, com poucos custos, carregando as
nossas coisas… Voltámos um bocadinho às origens e, portanto, foi um ano de
contacto muito próximo com as pessoas, em sítios quase improváveis para tocar,
sem as condições normais que nós costumamos ter para tocar. Depois de fazer
esse esforço e de ter esse prazer de regressar às bases e lançar um disco que
eu continuo a achar ser dos nossos melhores discos e a MTV reconhecer isso
tendo sido votada como a Melhor Banda Portuguesa do Ano, para nós foi incrível
e deu origem a que fossemos a Milão gravar o nosso DVD- MTV Live At Milan. Para nós foi um ano muito bom.
E mais
recentemente foi jurado no programa Factor
X. Como viveu essa experiência?
Foi uma experiência incrível. Eu nunca tinha
feito televisão do ponto de vista do entretenimento mas a verdade é que é um
programa com uma enorme responsabilidade. Nós estamos ali durante quatro meses
a tentar verdadeiramente construir o início de um percurso e a dar algumas
bases a pessoas que têm obviamente talento. Foi muito bom, foi uma experiência
incrível, tive uma ótima relação com as minhas concorrentes, ficámos amigos e
isso é muito gratificante. Para mim foi uma belíssima experiência, televisiva e
pessoal.
Desde
o início do programa foi dos jurados mais acarinhados pelo público. Sentiu
alguma diferença na abordagem por parte dos seus fãs a partir do momento em que
deu a conhecer uma outra faceta sua?
A maioria das pessoas que gostam de Blind Zero e que foram seguindo o meu
percurso dentro e fora dos Blind Zero
davam-me notas muito positivas sobre a minha participação enquanto jurado e mentor do programa. Não me olharam de forma diferente, olharam-me com
outros olhos mas eu continuei a ser eu. Em nenhum momento no Factor X eu deixei de ser eu, nunca
representei nenhum personagem… o que aconteceu foi que cheguei a muito mais
gente e, portanto, há muito mais gente que me conheceu, e aos Blind Zero também, a partir do momento em
que entrei no programa.
Ainda mantém contacto com as “suas meninas”?
Sim! Ainda vamos falando e, infelizmente, as
coisas não são fáceis para ninguém. As minhas quatro meninas tinham um talento
extraordinário, cada uma ao seu estilo. O momento mais complicado foi deixar a
Marta na primeira gala do programa porque ela tem um talento imenso e tive
muita pena de não trabalhar depois com ela. Mas a Marta vai fazendo o seu
caminho que eu vou seguindo. A Mimi, a Isabela e a Inês- com quem eu trabalhei
mais concretamente durante os programas-, são extraordinárias e cada uma delas
tem dado espetáculos. Enfim, acho que cada uma delas devia ter ido um pouco
mais longe do que foram.
E relativamente
ao futuro, o que podemos esperar tanto do Miguel Guedes a nível individual como
do Miguel Guedes vocalista dos Blind Zero?
Bom, em termos pessoais vou tentando
equilibrar todas as coisas que faço –que são muitas-, no fundo ser feliz ao ser
músico -que é a minha principal fonte de prazer -, com os Blind Zero. Temos vários concertos editados, temos um novo disco
editado que é um disco de duetos com pessoas extraordinárias –Pedro Abrunhosa,
Jorge Palma, e tantos outros amigos e colegas de profissão-.E depois, pessoalmente, também continuo a escrever para jornais como acontece na minha
coluna à terça-feira no Jornal de
Notícias e continuar a minha atividade diária que é trabalhar para os
artistas na GDA (Gestão de Direitos de Artistas), uma cooperativa de artistas
para artistas. Portanto, no fundo tentar encontrar tempo para mim é o grande desígnio da minha
vida nos próximos tempos (risos).
Como
referiu há pouco é cada vez mais difícil entrar no mundo da música atualmente.
A minha última questão prende-se com saber se gostaria de deixar um conselho aos jovens que
querem e lutam por um lugar na música?
Um conselho é, sobretudo, a perseverança. E
que não facilitem com eles mesmos. Com isto quero dizer que, por um lado, não
se levem muito a sério porque acho que as pessoas que o fazem tendem a ficar
muito cristalizadas e muito cinzentas. Mas, por outro lado, dedicarem-se ao
trabalho com enorme responsabilidade e que não deixem nunca de ser eles
próprios porque a verdade acaba por compensar na maior parte das carreiras
artísticas. Quando as pessoas não fazem as coisas com essa veracidade e com
essa vontade isso acaba por transparecer. Depois é um misto de sorte, de
talento e de oportunidade. Não é fácil mas o simples facto de fazer é sempre o
mais difícil. O ato de criação é sempre o mais difícil e quando este existe as
pessoas podem ser felizes só pelo facto de o terem.
Blind Zero no youtube: Blind Zero
Resta-me agradecer ao Miguel pela disponibilidade para responder às minhas questões, pela humildade e por ter aceite esta entrevista.
Como assim a estudar nas carrinhas?!
ResponderEliminarohh, gostei imenso da entrevista! :) beijinhos querida
ResponderEliminarAdorei a ideia ! E amei seu cantinho já estou seguindo
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Foi uma boa entrevista!
ResponderEliminarxoxo
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Adorei a entrevista, parabéns!
ResponderEliminarBeijos
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Que ótima entrevista, parabéns o post ficou maravilhoso!!
ResponderEliminarBeijooos!!!
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Gostei bastante
ResponderEliminarMuito obrigada pela visita volta sempre adorei
Beijinhos
CantinhoDaSofia
Acho-o incrível, além de adorar a banda, e depois de ler esta entrevista reforcei ainda mais a minha opinião!
ResponderEliminarr: Sim, também acho que começamos a sentir saudades a partir do momento em que sabemos que haverá uma despedida.
Não tens que agradecer, fiquei mesmo :D
Amei a entrevista!
ResponderEliminarBeijos e mais sucesso pra você flor!
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Ótima entrevista. A insatisfação faz parte da vida,e é o que nos faz ir em busca de mais e melhor.
ResponderEliminarIsabel Sá
http://btilhos-da-moda.blogspot.pt
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ResponderEliminarIsabel Sá
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Eu é que agradeço todo o apoio que tens dado, a sério. É importante entre bloggers haver este tipo de entreajuda embora muita gente ache que não.
ResponderEliminarO blog agora está de novo mudado... O outro layout dava problemas mas já está tudo de volta ao normal :D
Mais uma entrevista que adorei. Sem dúvida que o Miguel mostra que, ao sermos pessoas insatisfeitas, vamos ter sempre vontade de querer procurar mais e mais! E isso é bom! :D
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Gostei da entrevista :)
ResponderEliminarbeijinhos
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