És a única coisa que me
faz ter medo de morrer.
Nunca temi a morte. Acho
que há coisas que, quando não as podemos mudar, só temos de as aceitar. Por
isso, sempre vivi bem e feliz e sempre soube que, se um dia tivesse de ir, ia
realizada por tudo o que fui vivendo ao longo da vida. Mas depois chegaste tu.
Chegaste de mansinho e viraste-me do avesso. Hoje em dia, não consigo sequer
pensar em morrer. Não quero ir embora e não olhar mais para ti. Não quero não ver-te
entrar por aquela porta com cara de quem não dormiu a noite inteira e só quer
voltar para casa. Não quero deixar de sentir o teu perfume quando, num abraço
profundo, te agradeço por me fazeres tão feliz. Não quero não estar aqui para
te ver viver, porque ver-te viver é a maior felicidade que tenho na vida.
No entanto, mais do que
eu morrer, assusta-me que tu morras. Às vezes penso nisso, sabes? A vida é tão
curta e a morte passa-nos à frente tantas vezes. E depois penso que um dia tu
podes não estar aqui. Podes estar feliz a conduzir sem destino e, no instante a
seguir, não estares aqui porque alguém decidiu passar o sinal vermelho. Ou
então o corpo pode falhar-te e os médicos não te salvarem a tempo. Às vezes
penso nisso e choro, sabes? Imagino como seria olhar para ti numa cama do
hospital enquanto a tua respiração ia ficando mais fraca até não respirares
mais. E eu ali ao lado, com a consciência de que tinha tantas coisas para dizer
que não disse. É isso que acontece quando alguém que amamos morre, não é?
Lamentamos não termos dito, não termos abraçado, não termos amado o suficiente.
A diferença é que eu lamento tudo isto contigo vivo. A diferença é que eu amo o
suficiente, mas nem sempre o suficiente chega para abraçar sem medo.
Quando penso que a vida
te pode levar sem avisar sinto uma dor maior do que a que sinto que a vida me
pode escolher para ir embora a qualquer momento. Acho que é porque não consigo
conceber a ideia de não te ver entrar por aquela porta, ouvir-te procurar a
chave do carro dentro do bolso ou sentir o movimento dos teus lábios a
esboçarem um sorriso quando digo uma parvoíce qualquer. É isso que me
atormenta, sabes? Pensar que um dia tudo isso vai acabar e tu não vais estar
aqui. E eu também não. E não vamos passar de memórias.
O mistério da vida é
nunca sabermos quando não vamos estar cá. Dizem que, por isso, devemos sempre
dizer aos que amamos que os amamos. Na falta de coragem para to dizer,
escrevo-to. São 01:44 e não sei se amanhã acordo. Nunca sabemos. Por isso,
quando eu já não estiver cá e a única coisa que sobrar de mim forem as memórias
não te esqueças que foste a primeira pessoa que amei sem medida e continuaste a
ser tu no meu último suspiro.
Texto da minha autoria publicado em Sabes Muito.
Há etapas inevitáveis, que terão que nos acontecer mais cedo ou mais tarde, mas é incrível como há pessoas que nos fazem agarrar tanto à vida!
ResponderEliminarAdorei o texto *.*
r: Concordo contigo <3
é tão bom quando estamos rodeadas por estas pessoas assim é um medo que não temos assim muito controlo sobre ele.
ResponderEliminarhttp://retromaggie.blogspot.pt
A morte não é fácil de aceitar...principalmente quando há algo que nos agarre à vida...
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
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