Tenho
21 anos e vivo no século XXI. Como tal, tenho amigos homens que aderiram ao uso
de argolas nas orelhas, tatuagens e afins. Uma coisa normal para mim, mas
anormal para outros.
A
verdade é que cada vez mais acho que vivemos numa sociedade em que toda a gente
diz “cada um é livre de fazer o que quer” ou “cada um é como é” e, no final de
contas, as coisas são tudo menos como se diz. Isto porque é fácil dizer “a vida
é dele” mas é difícil não julgar. E se antes eu achava –na minha ingenuidade-
que, finalmente, as pessoas começavam a aceitar que a aparência não define
personalidade, agora vejo que não. Infelizmente ainda há muita gente que acha
que a aparência influencia a personalidade. Afinal, é impossível que um homem que
usa argolas ou esteja todo tatuado seja um santinho. A esses já ouvi chamar de
tudo. São os rufias, os que arranjam inúmeros problemas, os que estão sempre
metidos em confusões e que de santos não têm nada. E quando perguntamos às
pessoas que pensam isso deles o porquê de os apelidarem assim, não têm
argumentos. Talvez porque eles não existam. Talvez porque a única lei pela qual
se regem os seus comentários são as “argolinhas” que denunciam que aquele ser é
um marginal. Mesmo que não o seja. Um único objeto que em nada devia
influenciar uma opinão. Um pequeno objeto que é tantas vezes alvo de
preconceito. E depois falamos de igualdade. Queremos igualdade entre homens e
mulheres porque todos nascemos para termos os mesmos direitos. Mas depois
julgamos um homem por querer usar um brinco ou uma argola. Ele é o marginal. E
na mulher? É uma coisa perfeitamente normal. Ele faz a depilação e passa creme
na pele? É gay. E a mulher? Coisa normal. Pois, mas o que falta entender é que
o “normal” é uma coisa relativa. E quando vejo um amigo meu ser insultado por
usar argolas e ter “aspeto de marginal” só consigo pensar que a aparência dele
é normal. Porque é, de facto, normal a partir do momento em que cada um é livre
de vestir o que quiser e fazer o que quiser do seu corpo. Mas, pelos vistos,
para outras pessoas isso é anormal. E não só é anormal como é algo alvo de
reprovação. Talvez seja por isso que há tantas injustiças. Porque, para tanta
gente, os verdadeiros marginais (mesmo que o sejam) nunca vão ser aqueles que
se vestem de acordo com a ocasião, têm o corpo como veio ao mundo e usam o
cabelo perfeito. Os marginais vão ser aqueles que usam argolas nas orelhas,
gastam dinheiro a fazer inúmeras tatuagens e usam roupas rasgadas e largas,
mesmo que no final do dia sejam esses as melhores pessoas do mundo.
E
chamam a isto igualdade? Não deveria ser chamado preconceito? A igualdade só
vai existir quando deixarmos de avaliar as pessoas pela aparência que possuem
ou pelos gostos que têm. A igualdade é sermos todos respeitados por aquilo que
somos independentemente do estilo de vida que temos. Todos temos direito a
sermos nós próprios mas, acima de tudo, todos temos o direito de não sermos
julgados por sermos o que somos. A verdadeira essência da liberdade é essa:
sermos o que queremos ser.
Publicado em Capazes.
Falou tudo! Em pleno século XXI o que a gente vê é um paradoxo onde na teoria se defende a liberdade de expressão, mas na prática só há julgamento sempre, como se o uso de brincos, piercings e tatuagem fosse definir a personalidade de uma pessoa. Muita hipocrisia social!
ResponderEliminarAbraçz
http://motivospelosquaisestoufelizhoje.blogspot.com.br/
As pessoas dizem-se muito liberais, mas se as coisas não forem como querem então está tudo perdido. É triste que em pleno século XXI as mentalidades continuem tão fechadas
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