Como é que eu conseguia ir dormir descansada sem dizer umas coisas relativamente a este assunto? Pois, não ia. Um bebé de três meses foi esfaqueado pelo próprio pai, em Linda-a-velha. Se há coisas que mexem comigo são estas. Um crime, por si só, já é mau, então quando se tratam de crianças inocentes e indefesas não há motivo que lhes valha.
Sim, é verdade que vivemos num mundo em que há mais desumanos do que humanos, que matam só porque acham que é a solução para todos os seus problemas, que preferem discutir a resolver as coisas a bem ou agredir psicologica e fisicamente pessoas diferentes deles, mas crimes contra crianças são, provavelmente aqueles que me chocam mais. Aliás, é impossível para mim não ficar emocionada e muito sensível quando há qualquer tipo de agressão ou de maus cuidados para com uma criança, afinal se não fossem as crianças que inocência havia no mundo? Sim, eu sou a defensora da teoria de que as crianças são o melhor do mundo porque são mesmo. Não têm maldade, vêem a vida da forma que todos deveríamos ver, como se fosse uma brincadeira, e sabem aproveitá-la, sem preocupações ou obrigações.
Esta criança não vai ter a oportunidade de viver a vida da forma que ela iria escolher, não vai aprender a andar de bicicleta, não vai cair e esfolar os joelhos a jogar futebol ou fazer birra por não lhe darem o brinquedo que ele quer. Não vai querer ficar a dormir em vez de ir à escola, nem tirar a primeira negativa num teste, não vai chorar de alegria por ter realizado um sonho ou achar que o mundo vai acabar por ter perdido alguém e depois sorrir ao descobrir que há mais para além daquilo que ele pensava. Tudo isto me revolta, principalmente porque aquela criança não está mais aqui por culpa de alguém que deveria nutrir por ela um amor incondicional, que lhe deveria transmitir valores e protege-la dos perigos da vida.
É, isto pode parecer demasiado filosófico mas quando se trata de falar sobre crianças eu fico assim. Quem me conhece sabe que não lhes resisto, se calhar porque estou habituada a um mundo de pessoas egoístas e frias e nelas vejo esperança, vejo coisas boas, inocência e, acima de tudo, amor. Elas nutrem amor por nós desde o dia em que nascem e, na minha opinião, nem todas as pessoas percebem o amor que um filho tem pelos pais, aliás, acho que às vezes nem eles mesmos percebem. Sim, todos os filhos erram, fazem birras e dizem coisas de que se arrependem aos pais mas todos os filhos amam as pessoas que lhes deram amor desde pequeninos, exatamente por isso, porque lhes deram amor. E com este caso, deste pai que matou o seu filho de três meses, só consigo pensar no quão tenho de agradecer aos meus pais. Agradecer-lhes por me terem o bem mais precioso que todos temos, a vida. Agradecer por nunca me terem abandonado quando eu fui uma péssima filha, por terem aturado os meus choros durante tantas noites, por me terem ensinado tantas coisas e por nunca terem perdido a paciência quando eu tinha fases que nem eu mesma entendia. Isto sim, é amor de pais e nós, muitas vezes, não nos lembramos do amor que há na nossa família porque estamos mais interessados em pensar na festa que vamos ter na semana seguinte ou nas milhares de coisas que temos combinadas para o fim de semana. Mas quando estamos tristes é àqueles que nos deram vida que vamos pedir colo mas quando eles estão mal nem sempre estamos lá ou não percebemos porque estamos mais preocupados com o nosso umbigo. Ser jovem e adolescente não é desculpa, até porque se nós somos o que somos devemo-lo àqueles que nos criaram e educaram e que, ao contrário deste senhor que se livrou do filho como se fosse um fardo, sempre nos deram o que podiam e trabalharam não para eles mas para o nosso futuro.
A vida nem sempre sorri para nós mas quando ela nos nega esse sorriso nós temos sempre o sorriso daqueles que nos amam e que nos motivam a continuar, já alguém dizia "ninguém é feliz sozinho".
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